O clérigo xiita Sheikh Ali Salman, que foi uma figura central durante os protestos da Primavera Árabe no Bahrein, foi condenado à prisão perpétua neste domingo por espionagem. A decisão do Supremo Tribunal de Recursos foi tomada após Salman ter sido absolvido em junho em uma instância inferior. Grupos de defesa de direitos humanos dizem que as acusações contra ele têm motivação política.
O Bahrein realiza eleições parlamentares daqui a algumas semanas, sem a participação do grupo político Al-Wefaq, que já foi liderado por Salman. O Al-Wefaq, que era o maior bloco de oposição xiita do país, foi obrigado a se dissolver em 2016 com a repressão do governo. A população do Bahrein é majoritariamente xiita, mas o país é governado por uma monarquia sunita.
Salman foi acusado de fornecer ao Catar informações que poderiam comprometer a segurança do Bahrein, em troca de compensação financeira. No ano passado, a TV estatal do Bahrein mostrou gravações de conversas telefônicas entre Salman e o então primeiro-ministro do Catar, Sheikh Hamad bin Jassim Al Thani, durante os protestos de 2011.
O Bahrein é um dos quatro países árabes que vêm boicotando o Catar há mais de um ano, por causa de uma disputa diplomática mais ampla.
Apoiadores de Salman dizem que os telefonemas faziam parte dos esforços da oposição para que o Catar mediasse o diálogo com o governo durante os protestos de 2011, e que as gravações foram editadas para sugerir algo diferente.
Brian Dooley, da Human Rights First, disse que a decisão deste domingo "confirma que não há tolerância para qualquer tipo de divergência no Bahrein. Fonte: Associated Press.