Agentes do FBI, que investigam o envio de pacotes suspeitos a críticos do presidente Donald Trump, voltaram nesta quinta-feira (25/10) suas atenções para o sul do Estado da Flórida, de onde acreditam que foram postados. Mais três pacotes foram interceptados nesta quinta, dois endereçados ao ex-vice-presidente Joe Biden e um ao ator Robert De Niro, totalizando dez desde Segunda-feira.
Apesar de a investigação apontar inicialmente que os pacotes tinham sido entregues pessoalmente ou por um entregador, os investigadores concluíram que todos os dez pacotes foram enviados pelo serviço de correio.
A investigação é nacional, mas a Flórida chamou a atenção dos investigadores agora porque uma análise das informações coletadas pelo Serviço Postal dos EUA indica que a maioria dos pacotes foi postada no Estado, segundo afirmou uma fonte da investigação ao jornal New York Times.
A investigação está fazendo uma busca em imagens das câmeras de segurança do Serviço Postal, que ficam registradas. Os investigadores tentavam nesta quinta determinar se mais pacotes foram enviados e pediram para que as pessoas ficassem em alerta.
O dispositivo enviado ao ator Robert De Niro, que se tornou um duro crítico de Trump, foi encontrado no bairro de Tribeca, no centro de Manhattan, em Nova York, onde funciona um restaurante e uma produtora de cinema e TV de propriedade do ator.
Os pacotes enviados para Biden foram encontrados em um posto dos correios no Estado de Delaware, endereçados ao escritório e à casa do ex-vice-presidente dos EUA.
Nenhum dos dez dispositivos confirmados explodiu e não houve relatos de feridos, mas alguns democratas descreveram as ameaças como um sintoma do fortalecimento do tipo de retórica política promovida por Trump.
Alvos
Todos os alvos das ações são frequentemente atacados pelo presidente e aliados - eles incluem o ex-presidente Barack Obama, a ex-secretária de Estado e candidata presidencial Hillary Clinton e o ex-secretário de Justiça Eric Holder.
O ex-diretor da CIA John Brennan, o bilionário George Soros, importante financiador do Partido Democrata, e a deputada Maxine Waters, outra crítica de Trump, também foram visados. Todos os pacotes tinham o mesmo remetente: Debbie Wasserman Schultz, deputada democrata pela Flórida e ex-presidente do Comitê Nacional Democrata.
Os pacotes foram enviados no momento em que o país se prepara para a eleição de meio de mandato, no dia 6, que decidirá se os democratas tomarão dos republicanos o controle de ambas as casas do Congresso, pondo fim à maioria que Trump e seu partido têm.
Não houve nenhuma reivindicação imediata de responsabilidade pelas ações. Diversos políticos, incluindo o líder republicano no Senado, Mitch McConnell, e o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, descreveram os casos como um "ato de terrorismo".
"Alguém está tentando intimidar. Alguém está tentando reprimir vozes neste país usando violência", disse De Blasio. "Estou confiante de que encontraremos o responsável ou responsáveis".
O escritório da rede CNN em Nova York recebeu um pacote endereçado a Brennan, colaborador da NBC, fazendo com que a polícia esvaziasse o prédio, localizado em um movimentado bairro de Manhattan, perto do Central Park. "O pacote continha um envelope com um pó branco que especialistas estão analisando", disse o comissário da polícia de Nova York, James O;Neill.
Na quarta-feira, em discurso no Estado de Wisconsin, Trump culpou os democratas e a mídia pelo caso. "A imprensa precisa adotar um tom mais civilizado e parar com as hostilidades constantes, com os ataques negativos e, muitas vezes, falsos", afirmou o presidente. Nesta quinta, a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders classificou como "vergonhosas" as acusações de que os discursos de Trump contra a mídia tenham influenciado as ameaças. (Com agências internacionais)