Uma importante associação industrial britânica diz que a maioria das empresas estará pronta para ativar planos de contingência relacionados à saída do Reino Unido da União Europeia em dezembro, se não houver maior clareza sobre como será feito o Brexit. Uma pesquisa com 236 pequenas e médias empresas, realizada pela Confederação da Indústria Britânica, constatou que 82% das empresas poderão a implementar até o fim do ano medidas que podem incluir corte de empregos, ajustes na cadeias de suprimento fora do Reino Unido, estocagem de mercadorias e realocando de produção e serviços no exterior.
O CBI diz que muitas empresas estão planejando um cenário "sem acordo". O alerta surge em meio a temores crescentes de que a Grã-Bretanha possa sair da UE em março sem ter acertado como se dará a relação futura entre as partes. Isso poderia gerar tarifas sobre exportações britânicas, reinstalação de verificações de fronteira e imposição de restrições a viajantes e trabalhadores - uma combinação potencialmente tóxica para as empresas. "A situação agora é urgente", disse a diretora geral do CBI, Carolyn Fairbairn. "A velocidade das negociações está sendo superada pela realidade que as empresas estão enfrentando."
As discussões entre os dois lados alcançaram um impasse sobre como manter uma fronteira aberta entre os membros da UE, Irlanda e Irlanda do Norte. Uma cúpula de líderes da UE na semana passada não conseguiu um avanço e a próxima reunião prevista, marcada para novembro, foi cancelada. Agora, a próxima cúpula está marcada para dezembro, deixando um prazo apertado em relação à data oficial de saída do bloco. E mesmo que um acordo seja acertado, há dúvidas sobre a capacidade da primeira-ministra britânica Theresa May de garantir a maioria necessária no Parlamento, tendo em vista as divisões que existem sobre o tema.
"A menos que um acordo de retirada seja fechado até dezembro, as empresas pressionarão o botão de seus planos de contingência", disse Fairbairn. "Trabalhos serão perdidos e cadeias de suprimentos movidas."
A pesquisa, realizada entre 19 de setembro a 8 de outubro, também indicou que 80% das empresas dizem que o Brexit já teve impacto negativo em suas decisões de investimento, um porcentual mais de duas vezes maior que os 36% observado há um ano. A pesquisa constatou que 66% das empresas disseram que a saída do Reino Unido da UE teve impacto na atratividade do país como lugar para investir, enquanto 24% disseram que não houve impacto.
Algumas grandes empresas estão cada vez mais incomodadas com o impasse nas negociações. Na semana passada, antes da reunião em Bruxelas, a farmacêutica AstraZeneca e montadora Ford emitiram declarações levantando dúvidas sobre seus investimentos na Grã-Bretanha. "A incerteza está drenando o investimento do Reino Unido", disse Fairbairn.
Fonte: Associated Press