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Congolês Denis Mukwege e ex-escrava sexual Nadia Murad vencem Nobel da Paz

Prêmio é por seus 'esforços para acabar com o uso da violência sexual como arma de guerra'

Agência France-Presse
postado em 05/10/2018 07:28
Médico e vítima, respectivamente, Denis Mukwege e Nadia Murad encarnam uma causa planetária que supera o âmbito dos conflitos, como evidencia o movimento #MeToo
Oslo, Noruega - O ginecologista congolês Denis Mukwege e a ex-escrava sexual yazidi Nadia Murad são os vencedores do Prêmio Nobel da Paz de 2018 por seus "esforços para acabar com o uso da violência sexual como arma de guerra".

Médico e vítima, respectivamente, Denis Mukwege e Nadia Murad encarnam uma causa planetária que supera o âmbito dos conflitos, como evidencia o movimento #MeToo, iniciado há exatamente um ano por revelações da imprensa sobre casos de abuso sexual.

"Denis Mukwege e Nadia Murad arriscaram ambos pessoalmente suas vidas, lutando corajosamente contra os crimes de guerra e pedindo justiça para as vítimas", afirmou a presidente do Comitê Nobel, Berit Reiss-Andersen.

"Um mundo mais pacífico só pode ser alcançado se as mulheres, sua segurança e os direitos fundamentais forem reconhecidos e preservados em tempos de guerra", completou.

Os nomes de Denis Mukwege, ginecologista que atende mulheres estupradas na República Democrática do Congo (RDC), e da yazidi Nadia Murad, ex-escrava dos extremistas do Estado Islâmico (EI) e ativista, estavam entre os favoritos ao Nobel da Paz deste ano.

ONU celebra

A ONU celebrou o "anúncio fantástico, que ajudará a fazer avançar o combate contra a violência sexual como arma de guerra nos conflitos".

"É uma causa muito importante para as Nações Unidas", afirmou a porta-voz da ONU em Genebra, Alessandra Vellucci.

Os cinco membros do Comitê Norueguês escolheram entre 331 candidaturas, individuais, ou de organizações, propostas ao prêmio.

Vários analistas consideravam o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, como grandes favoritos pela aproximação entre os dois países.

Outro favorito inesperado nas casas de apostas era o presidente americano, Donald Trump. O site Betsson apontava seu nome muito à frente de outros governantes, como o francês Emmanuel Macron, a britânica Theresa May, ou o russo Vladimir Putin.

No ano passado, o prêmio foi atribuído à Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares (ICAN) por sua contribuição para a aprovação de um tratado histórico de proibição de armas atômicas.

Após o prêmio da Paz, o único que é entregue em Oslo, a categoria de Economia encerra na próxima segunda-feira a temporada do Nobel 2018.

O prêmio consiste em uma medalha de ouro, um diploma e um cheque de 9 milhões de coroas suecas (990.000 dólares).

Os vencedores receberão seus prêmios em Oslo e Estocolmo no dia 10 de dezembro, aniversário da morte do idealizador da premiação, Alfred Nobel (1833-1896).

Este ano, o prêmio de Medicina foi concedido ao americano James Allison e ao japonês Tasuku Honjo por trabalhos sobre a capacidade de defesa do corpo em relação a casos de câncer agressivos, como o de pulmão, ou o melanoma.

Na terça-feira, a canadense Donna Strickland se tornou a terceira mulher a vencer o Nobel de Física, compartilhado com outros dois cientistas, o francês Gérard Mourou e o americano Arthur Ashkin, por terem revolucionado a técnica do laser.

Na quarta-feira, a americana Frances Arnold se tornou a quinta mulher a vencer na categoria Química. Ela compartilha o prêmio com o também americano George Smith e o britânico Gregory Winter por pesquisas que modificaram as propriedades das enzimas com fins terapêuticos e industriais, inspirando-se nos princípios da evolução e da seleção natural.

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