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Demissão de ministro do Interior é nova crise no governo francês

A crise abala ainda mais a popularidade de Macron que está em queda livre, depois de pouco mais de um ano no poder. De acordo com uma pesquisa BVA realizada em setembro, a aprovação do presidente caiu para 32%, seu nível mais baixo desde sua eleição em maio de 2017.

Paris, França - A renúncia do ministro do Interior Gérard Collomb, terceiro ministro que deixa o Palácio do Eliseu em dois meses na França, abre uma nova crise no governo de Emmanuel Macron, em um momento de popularidade mínima.

Collomb, um dos primeiros aliados de Macron quando se lançou em 2016 à corrida presidencial, apresentou sua renúncia na noite de terça-feira para retornar ao seu antigo cargo como prefeito de Lyon (centro-leste). Veterano da política, de 71 anos, tentou renunciar na segunda, mas o chefe de Estado rejeitou seu pedido.

No entanto, Collomb não desistiu e voltou 24 horas depois. "Eu mantenho meu pedido de demissão", declarou ele desafiadoramente em uma entrevista ao jornal Le Figaro.

A incerteza durou várias horas, mas a presidência não teve outra escolha senão ceder. "Macron aceitou a renúncia de Gérard Collomb e pediu ao primeiro-ministro que ocupe a posição provisoriamente até que um sucessor seja nomeado", declarou o palácio do Eliseu à AFP.

Nova crise

A demissão rocambolesca de Collomb abre uma nova crise dentro do governo de Macron, cuja popularidade está em queda livre, depois de pouco mais de um ano no poder.

De acordo com uma pesquisa BVA realizada em setembro, a aprovação do presidente caiu para 32%, seu nível mais baixo desde sua eleição em maio de 2017.

A isto se soma a renúncia algumas semanas antes de dois pesos pesados do governo: Nicolas Hulot, seu ministro das estrelas, que renunciou à pasta da Ecologia ao vivo no rádio e sem avisá-lo, dizendo que se sentia "muito solitário em questões ambientais", e da popular ministra do Esporte, Laura Flessel.

O primeiro-ministro, Édouard Philippe, ocupará a pasta provisoriamente até que Macron encontre o candidato ideal. O ministério do Interior é fundamental em um país que, desde 2015, vive sob a constante ameaça do terrorismo.

Entre os nomes que circulam nesta quarta-feira na imprensa como possível substituto está o do ministro do Orçamento Gérald Darmanin, o secretário de Estado Christophe Castaner e o porta-voz do governo Benjamin Griveaux.

- Falta de humildade -
A relação de Macron com seu primeiro-ministro começou a se deteriorar no meio deste ano com o "caso Benalla", o nome do ex-chefe da segurança do presidente que foi filmado agredindo manifestantes durante os protestos de 1; de maio.

Convocado a comparecer ante uma comissão de inquérito parlamentar, Collomb se defendeu de ter ocultado a Alexandre Benalla e tinha atribuído a responsabilidade da má gestão desse caso à presidência, que não informou sobre os fatos à justiça.

Em setembro, o ministro do Interior deu mais um passo no sentido de rompimento ao criticar a "falta de humildade do executivo".

Quinze dias depois, Collomb anunciou sua intenção de voltar a ser prefeito de Lyon, uma cidade que ele liderou por 16 anos antes de ser nomeado ministro.