Washington, Estados Unidos - Os Estados Unidos estão negando o visto aos parceiros de mais de 100 diplomatas homossexuais, a não ser que estejam casados, afirmaram autoridades nesta terça-feira (2).
A medida foi tomada quando o governo do presidente Donald Trump se afasta das proteções à comunidade LGBTQ, embora autoridades garantam que a decisão foi motivada pela reciprocidade legal, e não por uma agenda "antigay".
Sob as novas diretrizes, os diplomatas, independentemente de sua orientação sexual, devem ser casados para que seus parceiros recebam vistos.
Sob uma política anterior implementada pela ex-secretária de Estado Hillary Clinton, os Estados Unidos emitiram vistos para casais do mesmo sexo, independentemente de seu estado civil.
Cerca de 105 famílias serão afetadas pela decisão, das quais 55 são designadas nas Nações Unidas ou outra organização internacional, disse um funcionário do Departamento de Estado.
Os diplomatas ainda podem obter vistos para seus parceiros se eles se casarem, inclusive se isso acontecer enquanto estiverem nos Estados Unidos.
A Human Rights Campaign, o principal grupo de direitos LGBTQ, chamou a decisão de "desnecessária, mal-intencionada e inaceitável".
"Este é um ataque inaceitável e desnecessário sobre alguns diplomatas LGBTQ em todo o mundo e reflete a hostilidade da administração Trump-Pence com as pessoas LGBT", afirmou o diretor de assuntos governamentais do grupo, David Stacy.
Um funcionário do governo respondeu que a política cria as mesmas condições para os vistos que o Departamento de Estado estabelece para seus próprios diplomatas que servem no exterior à luz da decisão do Supremo Tribunal, que legalizou o casamento entre pessoas do mesmo sexo nos Estados Unidos.
"Não pretende ser um ataque. Ela não se destina a ser punitiva. É um reconhecimento e codificação do fato de que o casamento homossexual é legal nos Estados Unidos", disse o oficial a repórteres sob condição de anonimato.
O funcionário disse que os Estados Unidos sabiam que muitos casais homossexuais enfrentam uma falta de aceitação em seus países de origem, mas que os Estados Unidos queriam "garantir igualdade de tratamento e reciprocidade".
A maioria dos diplomatas afetados vem de países onde o casamento entre pessoas do mesmo sexo é legal, disse outro funcionário, sem fornecer dados.
Um porta-voz das Nações Unidas disse que cerca de 10 funcionários em Nova York foram afetados e receberam pedidos para apresentar certidões de casamento até o final do ano.
"Esta é uma política dos Estados Unidos e, como com outras políticas nacionais nos países onde a equipe está alocada, teremos que cumpri-la", disse Farhan Haq, porta-voz da ONU.