Nova York, Estados Unidos - O ministro da Economia da Argentina, Nicolás Dujovne, estimou um crescimento de 5,2% até o fim de 2019 graças ao novo acordo alcançado com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que segundo disse permitirá fazer as reformas necessárias para captar investimentos e estabilizar a economia.
Abaixo, um resumo da entrevista de Dujovne com a imprensa em Nova York, após anunciar na quarta-feira o novo programa, com a diretora gerente do FMI, Christine Lagarde.
- Segundo o negociado com o FMI, a Argentina receberá 7,1 bilhões de dólares adicionais aos 50 bilhões aprovados em junho. O governo de Mauricio Macri esperava mais?
Nós pedimos uma aceleração dos desembolsos e surgiu do Fundo a decisão de prover mais fundos. Estamos realmente muito satisfeitos com o programa que alcançamos.
- A redução do déficit fiscal por ser mais lenta com os novos desembolsos do Fundo?
De forma alguma. Reduzimos a necessidade de financiamento porque baixamos o déficit e aumentamos o financiamento porque revisamos o programa com o Fundo. Isso nos dá uma potência financeira enorme que tem que produzir uma queda muito significativa das taxas de juros enfrentadas na Argentina. Mas não estamos procurando mais financiamento para relaxar o programa fiscal. Estamos utilizando todas as ferramentas disponíveis - como uma melhoria na política fiscal e um aumento do financiamento - para derrubar o risco soberano argentino e criar espaço para o financiamento do setor privado.
- Com este plano terá que esperar mais para sair da recessão?
Acho que não há nada mais expansivo para a economia argentina que baixar a volatilidade, aumentar a confiança, reabrir o mercado de crédito para o governo, as empresas, os governos, para que volte-se a financiar a Argentina. Restabelecer a confiança, reduzir a taxa de juros, é hoje a chave para voltar a crescer.
- Os desembolsos acontecerão em momentos eleitorais importantes. Isso é um aval explícito do FMI ao presidente Macri, que já disse estar pronto para tentar a reeleição em outubro de 2019?
O aval não vem pelo calendário de desembolsos, mas pelo apoio da comunidade internacional. O FMI é um organismo multilateral e são os grandes países do mundo que decidiram apoiar a Argentina. Há consenso total de que a Argentina merece ser apoiada no processo de reformas. Além disso, dado o caráter dos fundos, a Argentina estará pré-financiada por muitíssimo tempo, como nunca estivemos antes.
- Vocês cometeram algum equívoco no acordo anterior e por isso tiveram que revisá-lo?
O programa financeiro acordado em junho não levava em conta o novo round de volatilidade que atingiu os países emergentes, como Turquia e Brasil, e a "crise dos cadernos" (um escândalo de propinas que está sendo investigado na Argentina). Não vamos minimizá-la, porque países que passaram por crises similares tiveram recessões e duradouras. A incerteza trazida de herança da corrupção do governo anterior foi muito prejudicial para as expectativas a curto prazo, embora seja um evento que nos ajuda a construir uma Argentina mais saudável. Então, o que fizemos foi nos adaptar à mudança das circunstâncias.
- Quando a Argentina voltará a crescer?
Provavelmente no primeiro trimestre de 2019, medido em comparação com o quarto trimestre deste ano. O programa da Argentina, apoiado pela comunidade financeira internacional, permite que a economia comece a crescer dentro de alguns meses. No quarto trimestre de 2019 calculamos um crescimento interanual de 5,2%.