Nações Unidas, Estados Unidos - O secretário-geral da ONU, o português António Guterres, abriu nesta terça-feira (25/9) a maior reunião diplomática do mundo com um aviso contundente sobre o crescente caos e confusão no planeta.
Na inauguração da Assembleia Geral da ONU, Guterres disse que a ordem mundial baseada em padrões comuns está em um ponto de ruptura e a cooperação é cada vez mais difícil. "Hoje, a ordem mundial está ficando cada vez mais caótica, as relações de poder são menos claras", disse Guterres à Assembleia Geral, 193 países, antes de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, subir à tribuna.
"Os valores universais estão se desgastando, os princípios democráticos estão sob um cerco", disse ele.
Guterres não criticou especificamente nenhum país, mas entre os diplomatas existe o medo de uma divisão do mundo em esferas de influência e um retorno à rivalidade entre as grandes potências. "Hoje, com mudanças no equilíbrio de poder, o risco de confronto pode aumentar", advertiu Guterres. "Os desafios estão crescendo do lado de fora, enquanto muitas pessoas estão se voltando para dentro".
O governo Trump deixou clara sua desconfiança nos tratados internacionais ao abandonar o acordo nuclear com o Irã e o Acordo do Clima de Paris e cortar o financiamento para as Nações Unidas. Guterres pediu que os líderes mundiais renovem seu compromisso com uma ordem mundial baseada em regras comuns, com a ONU no centro de tudo.
Traçando uma lista dos problemas do mundo, Guterres reconheceu que os esforços de paz estão falhando e que as normas humanitárias internacionais estão em colapso. "Há indignação com a nossa incapacidade de acabar com as guerras na Síria, no Iêmen e em outros lugares", disse ele. "O povo rohingya permanece no exílio, traumatizado e na miséria, ainda ansioso por segurança e justiça".
A solução de dois Estados para o conflito israelense-palestino está cada vez mais "mais distante" à medida que a ameaça nuclear "não se distanciou", disse ainda.
Guterres destacou a mudança climática como uma prioridade urgente e alertou que, se não forem tomadas medidas nos próximos dois anos para reduzir os gases do efeito estufa, o mundo corre o risco de acelerar o aquecimento.
Quase 130 líderes mundiais participam da assembleia anual deste ano, incluindo Trump e o líder iraniano Hasan Rohani, que também farão um discurso na terça-feira.