No mesmo dia em que separatistas árabes mataram pelo menos 25 pessoas em um ataque durante um desfile militar no sudoeste do Irã, o advogado do presidente Donald Trump, Rudy Giuliani, declarou que o governo iraniano vai ser deposto. "Não sei quando vamos derrubá-los. Pode ser em alguns dias, meses ou anos, mas vai acontecer", disse no sábado o ex-prefeito de Nova York. "Eles vão ser derrubados. O povo iraniano obviamente não aguenta mais." Para a teocracia xiita do Irã, comentários como esse apenas alimentam temores de que os Estados Unidos e seus aliados do Golfo Pérsico estão tramando o fim da República Islâmica.
Até agora, essas ameaças ainda não resultaram em confrontação militar ou violência, mas o risco está aumentando. "A República Islâmica do Irã não vai ignorar esse crime. Está absolutamente claro para nós quem são os responsáveis e a quem eles estão ligados", disse o presidente iraniano, Hassan Rouhani, antes de viajar para a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, em Nova York. "Todos aqueles pequenos países mercenários que vemos nesta região são apoiados pelos EUA. São os americanos que os instigam e fornecem os meios necessários para que cometam esses crimes."
Segundo analistas, Rouhani pode estar se referindo à Arábia Saudita, aos Emirados árabes Unidos ou ao Bahrein - aliados militares dos EUA que enxergam o Irã como uma ameaça regional por causa de seu apoio a grupos militantes no Oriente Médio.
Separatistas árabes assumiram a responsabilidade pelo ataque em Ahvaz, que ocorreu durante um dos vários desfiles no país que lembravam o início da guerra entre Irã e Iraque, no anos 1980s. Autoridades iranianas disseram que os atiradores usavam uniformes militares e esconderam suas armas ao longo da rota do desfile, demonstrando um nível de sofisticação inédito para os separatistas.
Não há indícios diretos ligando os separatistas à Arábia Saudita. No entanto, autoridades iranianas destacaram o fato de que eles reivindicaram a autoria em um canal por satélite ligado aos sauditas e com sede no Reino Unido.
Os EUA, por sua vez, vêm aumentando a pressão sobre o Irã desde que Trump se retirou do acordo nuclear, em maio, restabeleceu sanções contra o país e passou a demonstrar apoio a protestos contra o governo iraniano.
A administração de Donald Trump insiste que suas ações não têm como objetivo derrubar o governo do Irã. Porém, Giuliani continua mencionando antes de reuniões um grupo de opositores iranianos no exílio. Antes de ser nomeado assessor de segurança nacional dos EUA, no começo deste ano, John Bolton fez discursos acalorados pedindo uma mudança no regime iraniano. Fonte: Associated Press.