O balanço do naufrágio da balsa "MV Nyerere" no lago Vitória, na Tanzânia, na última quinta-feira, continua aumentando e chegou a 207 mortos neste sábado (22/9), dia em que os socorristas conseguiram encontrar um sobrevivente.
[SAIBAMAIS]Nesta tarde, contra qualquer expectativa, os socorristas encontraram uma pessoa viva nos destroços da balsa, após passar quase dois dias em um compartimento ainda cheio de ar, contou o deputado Mkundi. O sobrevivente foi levado imediatamente para um centro médico.
A embarcação transportava um número ainda desconhecido de passageiros. Sua lotação oficial permitida era de 101 pessoas.
A carcaça do barco está a apenas algumas dezenas de metros da ilha de Ukara, destino final da balsa. "Até o momento, o número de pessoas que perderam a vida é de 207", disse a rádio pública tanzaniana, citando o ministro dos Transportes, Isack Kamwelwe.
As operações de busca terminam neste sábado, anunciou o comandante do Exército tanzaniano, general Venance Mabeyo.
Testemunhas e sobreviventes deram duas versões diferentes da catástrofe, mas parece evidente que a sobrecarga da embarcação está na origem da tragédia.
Segundo algumas pessoas, vários passageiros se deslocaram para a proa, diante da proximidade do cais. O movimento teria desequilibrado a embarcação. Outras testemunhas relataram que o capitão, distraído com o celular, não fez corretamente a manobra de aproximação e, ao tentar resolver o problema, fez um movimento brutal que levou ao naufrágio.
Em outros acidentes ocorridos na região dos Grandes Lagos no passado, constatou-se o excesso de lotação, que levou aos naufrágios, e o grande número de pessoas que não sabiam nadar, o que provocou um número alto de mortos.
Negligência
O presidente tanzaniano, John Magufuli, que falou em "negligência", ordenou na sexta-feira à noite "a prisão de todas as pessoas envolvidas na gestão da balsa". "Os responsáveis serão severamente punidos", prometeu.
A balsa "MV Nyerere" cobria o trajeto entre a ilha de Ukara e a de Ukerewe, onde fica a localidade de Bugolora. Os moradores de Ukara costumam ir lá em busca de mantimentos.
As bandeiras estavam a meio pau neste sábado em todo país, depois que o presidente declarou luto nacional, ontem, por quatro dias, em homenagem às vítimas.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, apresentou suas condolências "às famílias das vítimas, ao governo e ao povo da República Unida da Tanzânia".
Entre a população, a tristeza abre caminho para a indignação.
"No primeiro dia, quando ainda havia esperança de encontrar sobreviventes, as operações de resgate foram suspensas à noite por causa da escuridão, já que nossos serviços marítimos de resgate não estão equipados para trabalhar de noite", criticou o jovem estudante Felician Tarimo, de Moshi (norte).
Em 1996, cerca de 800 pessoas, segundo a Cruz Vermelha, morreram no naufrágio da balsa "Bukoba", sobrecarregada de passageiros, não muito distante da costa de Mwanza.