Beijing, China - O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, assinou acordos de energia e mineração nesta sexta-feira (14/9), em Pequim, um novo e crucial apoio da China a Caracas, após prestar uma eloquente homenagem ao "gigante" Mao Zedong, reverenciando o corpo mumificado do fundador da China comunista.
Maduro, que foi buscar ajuda para seu país mergulhado em uma profunda crise, iniciou sua estada na China com a visita ao mausoléu de Mao, um colossal edifício no centro da praça Tiananmen, diante do qual se inclinou três vezes. "Eu me senti muito comovido, porque realmente é recordar de um dos grandes fundadores do que já é o século XXI multipolar", um "gigante da pátria humana" e "um gigante das ideias revolucionárias", disse Maduro, em declarações divulgadas pela rede venezuelana VTV.
Poucos dirigentes estrangeiros visitaram o mausoléu de Mao, cujo poder de 1949 até sua morte em 1976 foi marcado por milhões de mortos, pela fome do "Grande Salto Adiante" e pela repressão e violência da "Revolução Cultural".
O ex-dirigente cubano Raúl Castro foi o último a passar pelo monumento, em 2005.
China, ;a irmã mais velha;
Na sequência, Maduro se reuniu com o ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, para a assinatura de 28 acordos, envolvendo milhões de dólares, segundo o presidente venezuelano. "Hoje estão sendo assinados 28 acordos (...), milhões de dólares em investimentos para tornar realidade o desenvolvimento das nossas empresas mistas no campo petroleiro", explicou Maduro.
"Estamos avançando (...) no processo de produção conjunta de petróleo para o benefício compartilhado", acrescentou.
Esses protocolos de acordo incluem uma cooperação reforçada na exploração de gás na Venezuela, uma "aliança estratégica" na extração de ouro e o fornecimento de produtos farmacêuticos ao país sul-americano. "Graças à sólida relação Venezuela-China (...), hoje a Venezuela está de pé, está batalhando e está em melhores circunstâncias do que jamais esteve", afirmou o presidente sul-americano.
Maduro também elogiou o presidente chinês, Xi Jinping, e saudou seu slogan de "destino comum da humanidade".
Segundo o líder venezuelano, que denuncia frequentemente o "imperialismo dos Estados Unidos", a China desenha para o planeta um destino "sem império hegemônico que chantageie, que domine, que agrida os povos do mundo".
No encontro com o presidente chinês, este assegurou a Maduro que seu governo apoia "os esforços (da Venezuela) para alcançar um desenvolvimento nacional estável", segundo a televisão pública CCTV.
A China "está disposta a reforçar o intercâmbio de experiências com a Venezuela sobre a forma de governar o país", declarou Xi Jinping.
- Êxodo
O gigante asiático tem fortes investimentos em petróleo e é o principal credor da Venezuela. Caracas já recebeu empréstimos chineses de 50 bilhões na última década.
A Venezuela deve ainda cerca de 20 bilhões de dólares, cujas condições de pagamento, flexibilizadas em 2016, podem estar sobre a mesa nesta viagem.
Maduro poderá voltar com um novo crédito de 5 bilhões de dólares e a ampliação por seis meses do período de carência para o serviço da dívida, segundo informação extraoficial citada pela consultoria venezuelana Ecoanalítica.
Diante da grave crise no país, com severa escassez de alimentos e de remédios, além de uma hiperinflação que pode passar de 1.000.000% de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), Maduro iniciou um polêmico plano de reformas econômicas no mês passado.
Entre as diversas medidas, destacam-se um aumento salarial de 3.400%, uma desvalorização de 96% do bolívar e aumento de impostos.
O presidente venezuelano fica até domingo na China. Maduro não viajava para o exterior desde o suposto atentado, do qual disse ser alvo. Ele teria sido atacado em 4 de agosto passado, com drones carregados de explosivos. Sua última visita à China data de março de 2017.