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Crianças foram vítimas de abusos sexuais na Igreja católica alemã

Pelo menos 3.677 crianças, a maioria meninos com menos de 13 anos, foram vítimas de abuso sexual por 1.670 clérigos, de acordo relatório.

Berlim, Alemanha - Milhares de crianças foram abusadas sexualmente por padres entre 1946 e 2014 na Alemanha, de acordo com um estudo sobre a Igreja Católica alemã que é acusada de esconder os fatos - informaram vários jornais nesta quarta-feira (12/9). Lançado em 2014, este estudo abrangente será apresentado em 25 de setembro em Fulda (estado de Hesse) durante a Conferência Episcopal Alemã por seu presidente, cardeal Reinhard Marx.

Pelo menos 3.677 crianças, a maioria meninos com menos de 13 anos, foram vítimas de abuso sexual por 1.670 clérigos, de acordo com este relatório, que foi consultado pela revista "Der Spiegel" e pelo jornal "Die Zeit". Por três anos e meio, um grupo de pesquisadores das Universidades de Mannheim, Heidelberg e Giessen examinou 38.000 dossiês e manuscritos de 27 dioceses alemãs transmitidos pela Igreja. Eles não tiveram, porém, acesso direto aos arquivos.

De acordo com o relatório, por décadas a Igreja "destruiu ou manipulou" inúmeros documentos ligados aos suspeitos e "minimizou" a seriedade e a extensão dos acontecimentos. Segundo o relatório, os padres acusados eram frequentemente transferidos sem que se avisasse os fiéis sobre o possível perigo destes párocos para as crianças em suas novas dioceses.

No total, apenas um terço dos suspeitos enfrentou julgamentos de acordo com a lei canônica, mas as sanções foram mínimas, mesmo inexistentes, dizem os autores do relatório. Durante vários anos, a Igreja Católica na Alemanha, como em todas as partes do mundo, foi abalada pelas revelações do abuso sexual.

Em 2017, um relatório revelou que pelo menos 547 crianças do coro católico de Regensburg (no Alto Palatinado, Baviera) foram vítimas de brutalidade entre 1945 e 1992.

Vergonha

A Igreja católica alemã afirmou sentir "vergonha", depois da revelação do conteúdo do relatório de especialistas. "Estamos cientes da extensão dos abusos sexuais que foi apontada pelos resultados do estudo. Estamos chocados e envergonhados", declarou o bispo Stephan Ackerman em um comunicado em nome da Conferência dos Bispos da Alemanha.

Segundo ele, este relatório tem como objetivo trazer "mais clareza e transparência sobre esta página obscura da história da Igreja". Ackerman denunciou o fato de que este relatório, encomendado pela Igreja há quatro anos, tenha vazado para a imprensa antes de sua apresentação para a conferência episcopal marcada para 25 de setembro.

O bispo ressaltou que os membros desta assembleia "não foram informados sobre a totalidade do estudo". O dignitário também assegurou que o vazamento na imprensa é "um duro golpe para as vítimas de abusos sexuais", de modo que um número de telefone de apoio foi acionado.

De acordo com o relatório, os clérigos acusados %u200B%u200Beram frequentemente transferidos sem que os fiéis fossem avisados %u200B%u200Bdo perigo potencial para as crianças.

Ao todo, apenas um terço dos suspeitos enfrentou processos sob a lei canônica, mas as sanções foram mínimas, ou inexistentes, indicam os autores do relatório.