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Renúncias afetam popularidade do presidente francês, Macron

Macron perdeu dois ministros procedentes da sociedade civil, símbolos de uma nova onda política representada pelo presidente de 40 anos, que chegou ao poder com um programa reformista e de modernização.

Paris, França - O presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou nesta terça-feira (4/9) uma reforma ministerial, após o segundo pedido de demissão em uma semana, em um momento de queda de sua popularidade.
O atual presidente da Assembleia Nacional, François de Rugy, 44 anos e ex-membro do partido ecologista EELV, será o novo ministro da Transição Ecológica, após a demissão na terça-feira passada de Nicolas Hulot. Hulot - uma das figuras políticas mais apreciadas pelos franceses e histórico militante ecologista - renunciou ao cargo depois de ver frustrado o desejo de avançar com a luta contra as mudanças climáticas a partir do governo.

Nesta terça-feira, outra demissão inesperada: a ministra dos Esportes, Laura Flessel, outra figura popular, alegou motivos pessoais para deixar o governo. A saída da campeã olímpica de esgrima, de 46 anos, acontece no momento em que o esporte francês está preocupado com os recursos, um ano depois de Paris ter sido designada para receber os Jogos Olímpicos de 2024. A ex-nadadora Roxana Maracineanu foi anunciada como a nova ministra.

Com as saídas, Macron perdeu dois ministros procedentes da sociedade civil, símbolos de uma nova onda política representada pelo presidente de 40 anos, que chegou ao poder com um programa reformista e de modernização. Macron também enfrenta um período agitado após o escândalo que envolveu seu ex-chefe de segurança, Alexandre Benalla, que foi filmado quando agredia dois manifestantes durante protestos no dia 1; de Maio.

Uma pesquisa do instituto Ifop publicada nesta terça-feira(4/9) mostra que a popularidade de Macron caiu de 41% em julho a 31% em agosto, o menor índice desde que assumiu a presidência em maio de 2017. A imagem do chefe de Estado também sofre com as incertezas sobre a implementação de uma reforma fiscal, que implica uma mudança no método de arrecadação do imposto de renda.

Apesar de ser um tema técnico, o tema afeta o bolso dos franceses. "Júpiter preside ou Júpiter vacila?", questiona o jornal Libération, em referência a um dos apelidos do presidente francês, também definido como monárquico e napoleônico.

"Como presidente há dias que são fáceis e outros que não", admitiu Macron na segunda-feira quando visitou uma escola no primeiro dia do ano letivo.

Macron se reunirá com o ministro das Contas Públicas, Gérald Darmanin, para decidir se adotará ou não a reforma. O plano anunciado pelo governo consiste em que as empresas debitem a partir de 1 de janeiro de 2019 o imposto de renda diretamente dos salários dos funcionários.

Mas as dúvidas são muitas: desde os temores de erro nos computadores até a resistência à mudança das empresas e sindicatos, passando pelo medo de que uma redução do salário líquido provoque um choque psicológico que afetaria o consumo e, por fim, o crescimento econômico.

A França é um dos poucos países europeus que não utiliza o sistema de retenção direta ao salário para arrecadar o imposto sobre a renda.