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Congresso americano se despede do senador John McCain; Trump ausente

O senador faleceu no último sábado em decorrência de um câncer no cérebro. O presidente Donald Trump não comparecerá a cerimônia.

Washington, Estados Unidos - O Congresso americano e a capital dos Estados Unidos, Washington, prestam uma homenagem solene e rara ao senador John McCain, ex-candidato republicano à Presidência e ex-piloto de caça preso e torturado no Vietnã que, com seu estilo franco-atirador, marcou profundamente seu país para além das barreiras ideológicas.

"John McCain dominou nossa época, não apenas pelo que ele conquistou, mas pelo que ele era e por tudo que ele enfrentou por toda sua vida", declarou o presidente da Câmara de Representantes, o republicano Paul Ryan. "Ele estará para sempre na lista dos servidores mais corajosos e fiéis à nossa liberdade", completou.

A homenagem feita a ele sob a cúpula do Capitólio é "rara", reservada aos grandes personagens da história dos EUA, como John F. Kennedy, ou Rosa Parks, explica. Seu caixão repousará sobre um catafalco em madeira, construído para o presidente Lincoln.

Acompanhado de sua mãe, Roberta, de 106 anos, de seus sete filhos e da mulher, Cindy, o caixão de John McCain entrará pouco antes 11h (12h em Brasília) pela última vez no Congresso, sua segunda casa por mais de 30 anos. Senadores e representantes, democratas e republicanos, assim como diplomatas, são esperados na cerimônia. As lideranças republicanas do Senado e da Câmara discursarão, antes do vice-presidente Mike Pence.

Pence representará o Executivo de Donald Trump, juntamente com o secretário da Defesa, Jim Mattis, e com o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton. O local estará aberto ao público a partir das 13h (12h em Brasília).

No sábado, os ex-presidentes George W. Bush (republicano) e Barack Obama (democrata) devem discursar na cerimônia fúnebre na catedral de Washington. Tanto Bush quanto Obama puseram fim às ambições presidenciais de John McCain: o primeiro, nas primárias republicanas em 2000, e o segundo, na corrida eleitoral de 2008.

Trump, o grande ausente

Grande ausente, Donald Trump não estará em nenhuma dessas cerimônias. Nem ele nem McCain escondiam o desprezo mútuo. Foi somente depois da repercussão negativa que o presidente Trump prestou uma homenagem direta, na segunda-feira à noite, a um dos raros políticos a criticá-lo dura e abertamente em Washington.

Em 2015, o empresário nova-iorquino ironizou o status de "herói de guerra" de John McCain, forjado em cinco anos de cativeiro e torturas durante a Guerra do Vietnã. "Gosto das pessoas que não foram capturadas", afirmou Trump, que não prestou serviço militar. John McCain se referia ao presidente norte-americano como "mal informado", "impulsivo", e "estimula os "loucos".

Em sua carta de despedida, divulgada na segunda-feira, o "maverick" desafiou o presidente pela última vez, com uma crítica aos riscos da cada vez maior divisão política no país.

O fator ;Sarah Palin;

John McCain nem sempre foi uma unanimidade. No Senado, foi um ferrenho defensor da guerra no Iraque.

E muitos o condenaram por ter escolhido Sarah Palin como vice em sua chapa em 2008, uma candidata de estilo populista ligada ao grupo conservador Tea Party, movimento que contribuiu para "preparar o terreno" para a chegada de Donald Trump à política.

Desde seu falecimento no último sábado, aos 81 anos, vítima de um câncer no cérebro, são as homenagens de todas as tendências políticas que prevalecem nos EUA, porém.

Na quinta-feira (30/8), o ex-vice-presidente democrata Joe Biden saudou, em um emocionado discurso, a memória daquele que considerava como "um irmão". Biden discursou diante do caixão coberto com uma bandeira americana em Phoenix, capital do estado do Arizona, representado pelo republicano no Senado.

Na véspera, mais de 15.000 pessoas passaram pelo no Parlamento local para dar um último adeus a McCain.O enterro, que será restrito a familiares e amigos, será no domingo, no cemitério da Academia Naval, em Anápolis, próximo de Washington.