Berlim, Alemanha - Um ex-guarda polonês de um campo de concentração nazista que morava desde o fim da II Guerra Mundial (1939-1945) nos Estados Unidos foi expulso para a Alemanha, onde chegou nesta terça-feira (20/8), anunciaram autoridades alemãs e americanas.
Nascido na Polônia, Jakiw Palij, hoje de 95 anos, trabalhou como assistente das SS no campo de trabalho forçado de Trawniki em 1941, no qual mais de 6.000 judeus foram exterminados. "Com a admissão de Palij, o governo federal envia um sinal claro da responsabilidade moral da Alemanha", afirmou à AFP o porta-voz do ministério alemão das Relações Exteriores.
Palij chegou hoje (21) ao aeroporto de Düsseldorf, e foi levado para um centro de cuidados geriátricos perto de Münster (oeste), segundo a imprensa alemã. "A obrigação que deriva de nossa história implica a aceitação e um debate honesto sobre os crimes do regime de terror nazista (...) Nós assumimos a responsabilidade com as vítimas do nacional-socialismo, assim como para com nossos sócios internacionais", declarou o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, ao jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung.
Palij imigrou em 1949 para os Estados Unidos e recebeu a nacionalidade americana oito anos mais tarde. Mas em 2003, um juiz federal cassou a nacionalidade porque ele mentiu sobre seu passado nas SS. Um promotor considerou que Palij, como guarda de uma campo de concentração nazista, impediu que os prisioneiros se escapassem e "contribuiu diretamente para o massacre", o que ele nega.
Apesar dos reiterados pedidos das autoridades americanas, o ex-guarda não pôde ser expulso. No final pesaram mais os protestos diante de sua casa em Nova York. "Palij mentiu sobre o fato de ser nazista e ficou nos Estados Unidos durante décadas. Sua expulsão envia uma mensagem forte: Estados Unidos não toleram aqueles que facilitaram os crimes nazistas e outras violações dos direitos humanos e não encontrarão refúgio em território americano", afirma um comunicado da Casa Branca.
A Alemanha julgou e condenou nos últimos anos vários ex-integrantes das SS por cumplicidade em assassinatos, mas até agora nenhum deles foi para a prisão por motivos de saúde.
O último caso foi o de Oskar Gr;ning, conhecido como o "contador de Auschwitz", que morreu em março aos 96 anos. pouco antes de ser levado para a prisão.