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Incêndio florestal no turístico sul de Portugal se estabiliza

Os bombeiros portugueses se beneficiaram de ventos menos fortes para avançar sobre as chamas e circundá-las

Monchique, Portugal - Os bombeiros portugueses, que tentam há uma semana controlar um incêndio no sul do país, se beneficiaram de ventos menos fortes nesta quinta-feira (9) para avançar sobre as chamas e circundá-las, redobrando a vigilância para eventuais retomadas de fogo.

"Os ventos diminuíram de intensidade, nós não temos mais fontes ativas e a situação atualmente está, de forma geral, estabilizada, mas vamos continuar atentos porque o risco de incêndio vai continuar alto nesta sexta-feira", afirmou nesta noite Patricia Gaspar, porta-voz da Autoridade Nacional de Defesa Civil.

Hidroaviões e helicópteros mantiveram até escurecer suas idas e vindas entre o mar e as montanhas para tentar controlar o avanço das chamas, que já destruíram quase 27.000 hectares.

[SAIBAMAIS]Durante a tarde, a calmaria permitiu que moradores deixassem as escolas, os ginásios e os centros de recepção da região para voltar às suas casas.

Entre quarta e quinta-feira, bombeiros e policiais tiveram de evacuar de emergência os habitantes das áreas próximas de Silves, o povoado para onde o fogo - iniciado na sexta-feira perto de Monchique, onde termina o Algarve - avançava.

"Foi muito assustador porque a polícia e os bombeiros correram pelas nossas pequenas estradas e não tínhamos eletricidade durante várias horas. A polícia nos pediu para prepararmos nossa saída (...) e ficamos de olho no fogo, tudo isso é muito estressante ", disse à AFP Gerry Atkins, um inglês de 80 anos que mora perto de Silves.

Desde que teve início na sexta, o incêndio deixou 39 feridos, um deles em estado grave. De acordo com Gaspar, "21 deles são bombeiros". Centenas de moradores e turistas foram evacuados dos arredores de Monchique, município de 6.000 habitantes 164 km ao sul de Lisboa.

Cerca de 1.300 bombeiros e militares participaram das operações nesta quinta-feira, nesta zona repleta de pinhos e eucaliptos - muito inflamáveis -, com vales e barrancos de difícil acesso.

A região é vítima habitual de incêndios florestais. O mais recente, em 2016, durou dez dias e arrasou 3.700 hectares. Em 2003, uma outra queimada destruiu 41.000.

Linces evacuados

A fumaça chegou até as praias do Algarve, uma das regiões mais turísticas de Portugal, embora os ventos da manhã desta quinta-feira tenham ajudado a dissipá-la.

"O céu está cheio de uma espécie de bruma negra, feita de cinzas e fuligem", disse à AFP na quarta-feira Tony Sanders, britânico de 73 anos que administra um pequeno albergue na cidade costeira de Carvoeiro, 30 km ao sul de Monchique.

A evolução das chamas também levou à evacuação, para a Espanha, de 29 linces ibéricos do centro nacional de reprodução desta espécie ameaçada, anunciou o Instituto de Conservação da Natureza e dos Bosques.

O governo português tinha mobilizado um grande dispositivo este ano em todo país para evitar a repetição dos dramáticos incêndios de 2017, que deixaram 114 mortes. Foi criticado, porém, pela falta de coordenação das equipes de socorro.