O ex-presidente separatista da Catalunha, Carles Puigdemont, que retornou à Bélgica neste sábado (28/7), prometeu continuar "defendendo a justa causa do povo catalão".
"Este não é o fim da viagem. Vou viajar até o último rincão do nosso continente para defender a justa causa do povo catalão, a causa da democracia, a causa da liberdade, a causa da auto-determinação", declarou Puigdemont em inglês, numa coletiva de imprensa na representação diplomática da Catalunha, no distrito europeu, em Bruxelas.
Antes de sua coletiva de imprensa, o líder pró-independência reuniu-se na parte da manhã com membros do governo catalão e ex-ministros no exílio.
Ele deve ir a Waterloo, na periferia de Bruxelas, para uma cerimônia de boas-vindas a partir das 16h (11h de Brasília).
Quatro meses depois de sua prisão na Alemanha, quando retornava à Bélgica depois de uma viagem à Finlândia, o líder catalão, de 55 anos, está de volta ao coração da Europa, reforçado pela decisão da Espanha de retirar o mandado de detenção europeu.
O catalão agora planeja liderar sua luta pela independência a partir de Waterloo, nos subúrbios de Bruxelas, local da derrota de Napoleão em 1815 contra uma coalizão europeia.
Puigdemont ficará hospedado em uma casa imponente, chamada "Casa da República", que será a base a partir da qual ele tentará estabelecer um "Conselho da República", órgão oficial da causa separatista no exílio, visando internacionalizá-la.
O objetivo de Puigdemont, que reconhece que nenhum Estado membro da União Europeia o apoia, "é continuar a desenvolver atividades ligadas ao que o povo da Catalunha aprovou em 1; de outubro", em referência ao referendo de autodeterminação de 2017, proibido pela justiça e marcado pela violência policial.
"Minha viagem não terminará enquanto todos os prisioneiros políticos não forem libertados, ou enquanto os exilados não puderem voltar (para casa)", acrescentou Puigdemont durante a coletiva de imprensa conjunta com seu sucessor Quim Torra, um separatista radical.
Torra prometeu "novas derrotas no futuro à Espanha, se ela continuar" no caminho da repressão contra os separatistas catalães.
O regresso de Puigdemont à Bélgica, onde chegou pouco depois que a Espanha assumiu o controle da Catalunha, na sequência do fracasso de uma declaração de independência em 27 de outubro de 2017, põe fim a uma odisseia que o levou à prisão na Alemanha.
Em julho, a justiça alemã finalmente se recusou a extraditá-lo por rebelião (punível com 25 anos de prisão), mantendo apenas a acusação de utilização de fundos públicos para realizar o referendo legal.
O juiz de instrução na Espanha, onde nove líderes catalães seguem detidos, decidiu em 19 de julho retirar o mandado de prisão europeu contra ele e cinco outras personalidades independentistas na Bélgica, Suíça e Escócia. Por outro lado, o juiz manteve o mandado de prisão para a Espanha.