Washington, Estados Unidos - O presidente americano Donald Trump negou, nesta sexta-feira (27/7), ter conhecimento prévio de um encontro durante a campanha presidencial de 2016 entre seu filho e uma advogada russa que oferecia informações comprometedoras sobre Hillary Clinton, como afirma seu ex-advogado.
"Eu não sabia de NADA do encontro com meu filho Don Jr", afirmou o presidente no Twitter, acusando seu ex-advogado Michael Cohen "de inventar histórias" para escapar de "uma confusão não relacionada". Michael Cohen afirmou que o agora presidente dos Estados Unidos aprovou a reunião realizada no dia 9 de junho de 2016 na Trump Tower.
Trump sempre declarou não ter conhecimento desta reunião, cuja existência já foi confirmada e sobre a qual Donald Trump Jr. depôs em uma comissão parlamentar.
No dia 9 de junho de 2016, Donald Trump Jr e Jared Kushner, genro de Trump, se reuniram na Trump Tower de Nova York com a advogada Natalia Veselnitskaya, que eles pensavam ser uma emissária do governo russo capaz de repassar informações sobre Hillary Clinton, a adversária democrata do então candidato republicado.
O encontro na Trump Tower foi arranjado por um produtor musical, Rob Goldstone, que havia entrado em contato com Donald Trump Jr. e dito a ele que tinha "documentos oficiais e informações comprometedoras de Hillary e seus acordos com a Rússia e que seriam muito úteis para o seu pai". "Donald Trump Jr. respondeu ;isso me interessa;" e aceitou o convite.
Segundo o clã Trump, o encontro foi inútil. Cohen, ex-advogado e homem de confiança que posteriormente rompeu com Trump, declarou que o hoje presidente sabia da reunião mesmo antes de ela acontecer, segundo as redes de televisão CNN e NBC.
De acordo com as mesmas fontes, Cohen estava presente quando Trump foi informado da oferta para o encontro com a advogada russa e deu seu aval à reunião.
Mas as fontes destacaram à CNN que Cohen não tem provas para apoiar suas declarações, como algum registro de áudio. Donald Trump Jr. foi ouvido por uma comissão parlamentar no verão boreal de 2017, após a imprensa americana revelar o encontro.
"A mulher, como ela disse publicamente, não era uma representante do governo russo", assinalou o filho de Trump em um comunicado, precisando que a advogada finalmente "não tinha qualquer informação a dar".
O procurador especial Robert Mueller investiga se houve conluio entre Moscou e a equipe de Trump durante a campanha presidencial de 2016. Segundo CNN e NBC, que citam fontes anônimas, Cohen estaria disposto a repetir suas declarações diante de Mueller.
O presidente americano nega a existência de qualquer conluio entre sua equipe de campanha e os russos, e qualifica regularmente a investigação de Mueller como "uma caça às bruxas". Mueller já denunciou 31 pessoas, entre elas 12 agentes de inteligência russos, por hackear computadores do Partido Democrata.
Combate com o presidente
Esta acusação de Cohen surge alguns dias após a revelação de que uma gravação, que remonta dois meses antes da eleição presidencial em novembro de 2016, foi apreendida pelos investigadores do FBI no escritório do advogado.
Na gravação, Donald Trump e Michael Cohen mencionam a possibilidade de comprar o silêncio de uma ex-modelo da Playboy com a qual o presidente teve um caso.
Donald Trump reagiu dizendo que um advogado não poderia gravar as conversas com seus clientes. Cohen parece estar engajado em um combate com o presidente e pronto para colaborar com a justiça, até para comprometer seu ex-chefe.
Depois de permanecer leal ao ex-incorporador imobiliário por meses, apesar de já estar no centro de uma investigação, Michael Cohen agora joga, sozinho, tudo para evitar um julgamento, ou mesmo prisão.