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FMI adverte que excesso de superávit comercial agrava as tensões no mundo

Em seu último Relatório do Setor Externo, o Fundo pediu aos países com superávit que tomem medidas para impulsionar a demanda e reduzir a poupança a fim de diminuir os excessivos desequilíbrios


Washington, Estados Unidos - O Fundo Monetário Internacional (FMI) advertiu nesta terça-feira (24/7) que os grandes superávits comerciais da Alemanha e da China e o grande déficit dos Estados Unidos poderão exacerbar os crescentes atritos no mundo.

[SAIBAMAIS]Em uma mensagem que parece sobretudo dirigida ao presidente americano, Donald Trump, o FMI advertiu mais uma vez contra o uso de medidas protecionistas para abordar questões comerciais, já que podem prejudicar o crescimento sem resolver o problema.

O estímulo fiscal decidido por Washington "está levando a um endurecimento das condições monetárias, a um fortalecimento do dólar e a um maior déficit na conta corrente dos Estados Unidos", apontou o FMI.

Há meses, Trump tem implementado uma ofensiva contra seus principais rivais comerciais, especialmente a China, mas também contra a Alemanha e o conjunto da União Europeia, por supostamente tratar seu país injustamente. As tarifas impostas às importações de aço e alumínio geraram rápidas represálias por parte desses países.

Em seu último Relatório do Setor Externo, o FMI pediu novamente aos países com superávit que tomem medidas para impulsionar a demanda e reduzir a poupança a fim de diminuir os excessivos desequilíbrios, que comprometem o comércio internacional.

O superávit da Alemanha é "substancialmente mais forte" do que o justificável pelo estado de sua economia, aponta o Fundo, que classifica os superávit de China, Coreia do Sul e União Europeia de "moderadamente mais fortes" em relação a suas economias.

Esses países "deveriam concentrar seus esforços nas reformas para reduzir o excesso de poupança, através de reformas nos sistemas de segurança social e de aposentadorias", propõe o informe.

-China, "muito dependente" do crédito -

No caso da Alemanha, o FMI argumenta, como já vinha fazendo em anos anteriores, que "impulsionar o investimento público também ajudaria a reduzir os excessivos superávit". A Alemanha registrou um superávit de 8% do PIB no ano passado.

Na China, o Fundo adverte que a economia foi "excessivamente dependente do crédito e do investimento, o que poderia culminar em uma abrupta desaceleração do crescimento e um consequente ressurgimento de grandes excedentes externos".

As nações líderes nas exportações não continuar dependendo da demanda dos países devedores, especialmente dos Estados Unidos, apontou o FMI.

No curto prazo, os Estados Unidos poderiam "intensificar o enfoque de sua política de redução do déficit com medidas comerciais" se ele continuar crescendo de 2,4% do PIB registrado no ano passado, adverte o relatório.

"Novas barreiras comerciais e possíveis ações de represália poderiam descarrilar o crescimento global, com um impacto limitado no excesso de desequilíbrios globais", destaca o documento.

Segundo o relatório, permitir um aumento da imigração, algo a que Trump se opõe fortemente, também pode ajudar os Estados Unidos.

O FMI advertiu na semana passada que as crescentes restrições comerciais eram "a maior ameaça de curto prazo" para a economia mundial e que neste panorama a economia americana está "especialmente vulnerável".

No pior dos casos, se todas as ameaças tarifárias e represálias forem implementadas e se as economias sofrerem um choque na confiança, o PIB mundial poderá cair 0,5% ou 430 bilhões de dólares em 2020.