O regime sírio chegou a um acordo de cessar-fogo nesta sexta-feira com os rebeldes no sul do país que inclui a entrega de armas pesadas e semipesadas em todas as cidades, após uma ofensiva devastadora de duas semanas por parte de Damasco e seu aliado russo.
[SAIBAMAIS]A Rússia supervisionou essas negociações que buscavam uma rendição dos rebeldes na região meridional de Deraa, descrita como o "berço" da revolta contra o presidente sírio Bashar al Assad em 2011.
A guerra na Síria começou após a repressão dessas manifestações pró-democracia por parte do regime.
O acordo estipula uma trégua e o regime controlará "todos os postos de observação ao longo da fronteira sírio-jordaniana".
Nesta sexta-feira, 6/7, o exército conseguiu se apoderar do posto-chave de Nasib, por onde passa grande parte do comércio com a Jordânia.
Por outro lado, os rebeldes contrários ao acordo poderão abandonar a região com suas famílias rumo à província de Idleb, no noroeste.
Retomam o controle de Nasib
Em Nasib, "veículos da polícia militar russa e representantes do governo (sírio) nas fronteiras chegaram ao posto (...) sem a necessidade de combate", informou à AFP o diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), Rami Abdel Rahman.
A agência de notícias oficial síria Sana informou que "a bandeira síria foi içada à altura do posto de Nasib", sem dar mais detalhes.
Os bombardeios contra as zonas rebeldes da província meridional de Deraa foram retomados na última quarta-feira após o fracasso das negociações.
O regime assumiu o controle de 30 localidades da província de Deraa graças aos acordos e às vitórias militares. Damasco controla agora dois terços desta região, contra apenas 30% antes da ofensiva.
Pela primeira vez desde 2015, as forças de Assad controlam a fronteira com a Jordânia na província de Deraa, uma área de 275 quilômetros quadrados.
Segundo o porta-voz do comando rebelde, Hussein Abazeed, o acordo preliminar negociado nesta sexta-feira previa o traslado com todas as garantias de segurança de pelo menos 6.000 pessoas - combatentes e civis -, para a província de Idleb, no noroeste do país, ainda sob controle insurgente.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou em um comunicado que "750.000 vidas estão em perigo" em uma região na qual o número de deslocados chegou a 325.000.
Por outro lado, um atentado com carro-bomba matou pelo menos 18 pessoas em uma cidade do leste da Síria, incluindo 11 membros da força regional apoiada pelos Estados Unidos contra o grupo extremista Estado Islâmico (EI), informou uma ONG.
"Um carro-bomba explodiu em frente à base das Forças Democráticas Sírias em Al-Bsayra, uma cidade em Deir Ezzor", uma região do leste, informou o OSDH.
O ataque "matou um comandante e outros militares, assim como sete civis, incluindo três crianças", explicou.