Há "inconformidade" da sociedade brasileira com a separação de crianças de seus pais na fronteira dos Estados Unidos, como consequência da política de "tolerância zero" do governo de Donald Trump com a imigração ilegal.
É o que diz carta enviada pela subsecretária geral das Comunidades Brasileiras e de Assuntos Consulares e Jurídicos do Itamaraty, embaixadora Maria Dulce Barros, ao embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Michael McKinley, na última quinta-feira, dia 21.
Ela diz que, apesar de a decisão norte-americana de separar famílias haver sido revertida, o assunto continua gerando "inconformidade e angústia" na sociedade brasileira. "Teme-se que os menores brasileiros que ainda se encontram nessa situação, muitos dos quais de tenra idade, estejam sofrendo trauma psicológico que poderá deixar sequelas graves ao longo de todas as suas vidas", afirma a embaixadora.
"É interesse do governo brasileiro conhecer como será feita, a partir de agora, a reunião familiar, visto que os pais privados de liberdade encontram-se em presídios muitas vezes distantes do local de abrigo das crianças, bem como que cuidados lhes serão oferecidos."
A carta diz que o governo brasileiro tem consciência que as decisões dos EUA quanto à política migratória cabem a seus representantes eleitos. "Convém ressaltar, contudo, a expectativa de que, nas reformulações que venham a ocorrer, predomine a visão de solidariedade e generosidade que historicamente permeou os caminhos traçados pelo povo e pelos governantes norte-americanos em relação à matéria", conclui.
O presidente Michel Temer se reúne nesta terça-feira, 27, com o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, e a questão das crianças separadas de seus pais será um tema prioritário do lado brasileiro. De acordo com dados do Itamaraty, há 49 crianças brasileiras em abrigos nos Estados Unidos. Dessas, três teriam sido liberadas e entregues a familiares que vivem no país.