A escalada das tensões comerciais entre Estados Unidos e China provocou uma forte fuga de ativos considerados mais arriscados, fazendo com que os mercados acionários americanos encerrassem em baixa o pregão desta terça-feira, 19/6. O temor de que o embate tarifário se transforme em uma guerra comercial guiou os negócios, mas as perdas foram contidas por uma reação, no fim do pregão, de ações de tecnologia, que apagaram parte das perdas vistas no dia.
[SAIBAMAIS]O índice Dow Jones fechou em baixa de 1,15%, aos 24.700,21 pontos, e apagou todos os ganhos registrados no ano; o S 500 recuou 0,40%, aos 2.762,57 pontos; e o Nasdaq teve queda de 0,28%, aos 7.725,59 pontos. Já o índice VIX de volatilidade, considerado o medidor de medo de Wall Street, saltou 8,45%, aos 13,35 pontos.
Estreitamente relacionado a questões comerciais, o Dow Jones foi o índice acionário mais afetado pela retórica protecionista contra a China do presidente dos EUA, Donald Trump, por ser composto, principalmente, por papéis de multinacionais. A Boeing, uma das empresas mais atingidas pelo embate entre as duas potências mundiais, viu sua ação fechar em queda de 3,84%, a US$ 341,12, e puxou para baixo o subíndice industrial do S 500 (-2,14%).
Na noite de segunda-feira, 18/6, Trump emitiu comunicado onde pede ao Escritório do Representante Comercial (USTR, na sigla em inglês) que estude a imposição de tarifas de 10% sobre mais US$ 200 bilhões em produtos chineses. Ele também comentou que, se houver retaliação por parte de Pequim, serão adotadas tarifas adicionais sobre outros US$ 200 bilhões em bens chineses. O total, assim, poderia chegar a US$ 400 bilhões. Horas depois da nova ameaça da Casa Branca, o Ministério de Comércio da China disse que os EUA "iniciaram uma guerra comercial" e comentou que o governo chinês irá adotar "medidas abrangentes" se Washington prosseguir com os planos de tarifação.
"A guerra comercial se tornou realidade na noite de ontem. A nova escalada representa riscos de baixa claros para o crescimento global nos próximos trimestres, já que aumenta a incerteza e deve prejudicar o apetite pelo investimento global", afirmaram analistas do Danske Bank em nota a clientes.
No fim da manhã, o diretor do Conselho de Comércio da Casa Branca, Peter Navarro, afirmou que Trump está disposto a conversar com a China e com outros países sobre o tema, apesar de afirmar que Pequim "tem mais a perder em uma disputa comercial". Mesmo assim, empresas automobilísticas americanas continuaram a cair à medida que os agentes temem que essas ações possam ficar sob maior pressão em meio à escalada das tensões comerciais. Os papéis já vinham enfrentando dificuldades depois que a China prometeu cobrar tarifas sobre importações de automóveis americanos. A Fiat Chrysler caiu 0,91%, a Ford Motor cedeu 0,83% e a General Motors teve forte baixa de 3,85%.
O setor de tecnologia, no entanto, apesar de ser afetado, diminuiu as perdas ao longo da sessão. O líder republicano no Senado dos EUA, Mitch McConnell, mostrou apoio ao projeto de lei que deixa as famílias de imigrantes juntas na fronteira, acabando com a política atual que separa pais de filhos. Papéis de techs apagaram parte das perdas vistas durante o dia. A Microsoft encerrou o dia estável e a Amazon renovou máxima histórica de fechamento, ao subir 0,64%. Já a Netflix também bateu recorde ao saltar 3,73%, a US$ 404,98, depois que três analistas elevaram o preço-alvo das ações da companhia.