O candidato da direita, Iván Duque, ou o ex-guerrilheiro Gustavo Petro: pouco mais de 36 milhões de eleitores são chamados às urnas para este segundo turno sem precedentes.
O senador Duque, afilhado político do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), venceu o primeiro turno com 39,14% dos votos e é favorito segundo as últimas pesquisas.
Mas Petro acredita que pode reverter a derrota de 27 de maio e se tornar o primeiro presidente a governar o país sem a ameaça armada das Farc em seis décadas.
É justamente o pacto que desarmou essa organização comunista e evitou 3.000 mortes no ano passado que tem centrado a campanha para eleger o sucessor do impopular Juan Manuel Santos.
Além disso, a corrupção, a desaceleração econômica, a saúde e o avanço do narcotráfico, que afeta as fronteiras com Venezuela e Equador, preocupam os colombianos.
- O retorno do uribismo -
O postulante da direita Iván Duque é um senador de 41 anos, sem grande trajetória política, mas com um apoio de peso: o do controverso ex-presidente Álvaro Uribe, o senador mais votado nas legislativas de março.
Duque conquistou seus eleitores com um discurso conservador que defende a empresa privada e o corte de impostos e da burocracia.
Ele promete modificar o pacto de paz de 2016 com as Farc para impedir que os rebeldes que já entregaram as armas e estão envolvidos em crimes atrozes possam atuar na política sem antes cumprir um mínimo de tempo na prisão.
O candidato também propõe endurecer as condições para o diálogo em curso com os rebeldes do ELN.
Ainda que as Farc já tenha deixado as armados e participado nas legislativas de março, ainda falta, contudo, implementar o sistema de justiça que garanta "verdade e reparação" a milhões de vítimas.
Outra pendência envolve as reformas rurais, que poderiam evitar o reativamento do conflito.
Se eleito, Duque terá maioria no Congresso para ajustar o pacto, além de poder contar com o apoio das bancadas evangélica e ultraconservadora que rejeitam o casamento e adoção por homossexuais.
- O reformismo da esquerda -
Por sua vez, Petro, ex-prefeito de Bogotá e ex-guerrilheiro da dissolvida guerrilha M-19, hoje partido político, obteve 25,08% dos votos no primeiro turno e o direito de a esquerda disputar seu segundo turno em um país historicamente governado pela direita.
Aos 58 anos, o candidato promete profundas reformas econômicas, entre elas a taxação da terra improdutiva.
Ele pretende honrar os compromissos que garantem que os ex-líderes guerrilheiros recebam penas alternativas à prisão, se confessarem seus crimes, e indenizarem as centenas de milhares de vítimas de um conflito que também contou com a participação de paramilitares de ultradireita e de agentes do Estado.
Com uma combinação de praça pública e redes sociais, Petro decolou durante a campanha. Em seu período na prefeitura de Bogotá, ganhou a fama de autoritário e de mau administrador, mas ele encarna o "cansaço" com as elites políticas e a "irritação" com a corrupção.
Em um dos países más desiguais do mundo, Petro planeja uma economia não dependente do petróleo e uma agenda ambiental e progressista em temas sociais.
Contudo, seu discurso antissistema serviu de pretexto para que seus adversários o acusassem de ser um populista que busca implantar o "modelo fracassado" de Venezuela.
Petro que começou a campanha defendendo uma Constituinte para reformar a política e a justiça, terminou em tom mais moderado, comprometendo-se inclusive a não expropriar e respeitar a propriedade privada.