"Não temos uma linha dura, mas uma linha de bom senso", insistiu Salvini, que viajou para a ilha no sul do país para apoiar os candidatos locais de seu partido, que em sua época separatista proferia palavras duríssimas contra essa região do país.
"Os bons tempos para os clandestinos acabaram: preparem-se para fazer as malas", disse no sábado. "Itália e Sicília não podem ser o campo de refugiados da Europa", insistiu neste domingo.
Ele foi recebido por simpatizantes entusiastas, mas também por manifestantes da esquerda, embora em menor número.
Em frente ao centro de identificação de migrantes de Pozzallo, sob um sol abrasador, manifestantes de lados contrários estiveram a ponto de chegar à agressão física enquanto aguardavam sua visita.
Mesmo com tom combativo, Salvini matizou algumas de suas declarações anteriores, como na véspera, quando criticou os barcos socorristas das ONGs, que chamou de "vice-traficantes" de pessoas.
"Ninguém me tira a certeza de que a imigração clandestina é um negócio. Ver que há gente que ganha dinheiro às custas de crianças que depois morrem me indigna", disse depois da morte de pelo menos quatro migrantes no litoral da Tunísia, outros nove - entre elas seis crianças - na costa da Turquia e mais um na Espanha.
"Acho que é melhor gastar o dinheiro (atualmente destinado ao resgate e à acolhida) nos países de origem. Mas se há ONGs que querem fazer trabalhar de graça, tudo bem", declarou.
"Desequilíbrio evidente"
A localidade de Pozzallo, no sul da Sicília, está diretamente afetada: os barcos militares ou humanitários que resgatam migrantes no Mediterrâneo os levam principalmente a este porto.
No interior do centro, onde a imprensa não pôde acompanhá-lo, Salvani se reuniu com uma centena de migrantes, entre eles mulheres e crianças, que chegaram ao porto na noite de sexta-feira, poucas horas depois de sua posse.
Essa grande estrutura de cimento à beira mar é um dos "hotspots" instalados desde 2015 na Itália, a pedido da União Europeia (UE), para garantir que os recém-chegados sejam registrados neste país e possam apresentar pedido de refúgio em outros países europeus.
Em uma reunião na terça-feira em Luxemburgo, os ministros do Interior da UE devem discutir a revisão dessa regra, que obriga os migrantes a apresentar seu pedido de refúgio no primeiro país europeu a que chegam.
No entanto, Salvini já anunciou que não comparecerá: neste dia estará no Parlamento italiano para o voto de confiança de seu governo de união com o Movimento 5 Estrelas (M5S, antissistema).
Mas já anunciou que se oporá à reforma em curso que, na sua opinião, "condena" os países do Mediterrâneo.
E a ideia de que os migrantes resgatados no mar sejam levados a outros países além da Itália? "Meu objetivo não é deslocá-los na Europa, e sim reduzir as saídas", respondeu, referindo-se a "um desequilíbrio evidente da gestão, dos números e dos custos".
Os controversos acordos com as autoridades e milícias líbias permitiram reduzir o número de chegadas em mais de 75% desde meados de 2017. No entanto, apesar de um aumento de 12%, as expulsões não superaram as 6.500 do ano passado e aumentá-las custará caro.
Para encontrar rapidamente os recursos, Salvini pede "um bom corte" nos gastos de acolhida dos 170.000 solicitantes de refúgio atualmente presentes em toda a Itália. Mas alguns críticos lembram que esses recursos geram empregos para os italianos e dão vida a zonas rurais desfavorecidas.