A chanceler alemã foi questionada por seu silêncio frente às propostas feitas desde setembro de 2017 pelo presidente francês para reativar a União pós-Brexit, principalmente com uma reforma da União Monetária.
Merkel aproveitou ma entrevista da edição dominical do jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung para revelar grande parte de sua posição, a menos de um mês da cúpula europeia destinada teoricamente a aprovar uma grande parte da reforma da Europa.
Em um momento em que um governo antissistema e eurocético assume o poder na Itália, Merkel aceita o princípio de dois mecanismos limitados de cooperação entre os países da zona euro: um orçamento de investimento e um sistema novo de empréstimos para os Estados com dificuldades importantes.
Por sua parte, o milionário americano George Soros pediu à Europa que ajude a Itália invés de dar lições, em uma carta publicada neste domingo pela imprensa italiana.
"A UE enfrenta um grande número de problemas, mas a Itália se converteu no mais urgente", assegurou.
"Convergência maior"
"Precisamos de uma convergência econômica maior entre os Estados membros da zona euro", declarou a chanceler alemão ao Frankfurter Allgemeine Zeitung, acrescentando que, neste contexto, está disposta a conversar com o novo governo italiano para ajudar os mais jovens a encontrar emprego.
No entanto, fixou um marco rígico para este orçamento, mencionando uma cifra "limitada a dois dígitos em milhares de milhões de dólares", algo muito longe dos desejos do presidente francês, que fez a proposta inicial do orçamento da zona euro, traduzida em centenas de milhares de milhões de euros.
A chegada ao poder na Itália de um governo decidido a aplicar um programa contra a austeridade só reforçou as apreensões da Alemanha.
Pressionada pela opinião pública em seu país e enfraquecida politicamente em seu quarto mandato, Merkel fixou uma linha vermelha para a reforma da zona euro.
"A solidariedade entre os sócios da zona euro jamais deve levar a uma união de endividamento", alertou.
FME
Por outro lado, Merkel detalhou a proposta alemã de criar um Fundo Monetário Europeu (FME) para ajudar os países em dificuldade, mas em troca de condições rígida e de uma grande supervisão dos países apoiados.
"Queremos ser um pouco mais independentes do Fundo Monetário Internacional", explicou.
O FME assumiria as prerrogativas do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEDE), hoje encarregado de ajuda a financiar a dívida dos países em crise, como a Grécia, concedendo empréstimos em longo prazo.
Mas iria mais longe, segundo ele, com a possibilidade de uma linha de crédito de curto prazo, de cinco anos, por exemplo, destinados a apoiar os países que enfrentam dificuldades externas.
Estes países teriam de aceitar a supervisão do FME e a intervenção em suas políticas nacionais, como faz o FMI.
Angela Merkel também tentou agradar Macron no campo militar, dizendo-se favorável a sua proposta de criar uma força comum europeia de intervenção.