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Bélgica privilegia pista terrorista na investigação do ataque de Liège

A Procuradoria Federal examina agora se o criminoso atuou sozinho e busca "determinar se as sus motivações eram ou não terroristas", afirmou Roggen

Os investigadores privilegiavam nesta quarta-feira a hipótese terrorista após o ataque que fez três mortos na terça-feira em Li;ge, incluindo duas policiais, e suspeitam que o autor, morto pela polícia, já tivesse matado um homem na noite anterior ao massacre.

A investigação tenta esclarecer o percurso de Benjamin Herman, um delinquente de 31 anos que teria se radicalizado. Herman foi morto na manhã de terça-feira pela polícia depois de fazer uma refém.

"Os atos estão classificados como assassinato terrorista e tentativa de assassinato terrorista", afirmou Wenke Roggen, porta-voz do Ministério Público, organismo responsável por investigar caso terrorismo.

"Os primeiros elementos da investigação apontam para um ;modus operandi; similar aos apelos do grupo jihadista Estado Islâmico (EI), que em seus vídeos de propaganda pede ataques contra policiais com uma faca para a tomada de suas armas, como aconteceu em Li;ge", disse a porta-voz.

[SAIBAMAIS]O autor do ataque, identificado pelo MP como Benjamin H., um belga nascido em 1987, "gritou em várias ocasiões ;Allahu Akbar;" (Alá é grande) e "esteve em contato com pessoas radicalizadas" em 2016 e no início de 2017.

A Procuradoria Federal examina agora se o criminoso atuou sozinho e busca "determinar se as sus motivações eram ou não terroristas", afirmou Roggen.

"Registramos sinais de que ele se radicalizou na prisão, mas será que foi esta radicalização que o levou a estas ações? Há muitas questões a serem respondidas e vamos aguardar o resultado da investigação", havia declarado pouco antes o ministro belga do Interior, Jan Jambon.

O MP explicou que o autor do ataque era fichado pela justiça desde que era menor de idade e que já havia sido condenado por roubo com violência e consumo de entorpecentes, entre outros crimes comuns.

Homicídio antes de ataque
Benjamin "também é suspeito de um assassinato cometido em On" na segunda-feira à noite, poucas horas depois de sair da prisão de Marche-en Famenne (sul) com uma permissão penitenciária que expirava às 19H30 de terça-feira.

"As circunstâncias exatas dos fatos são objeto de uma investigação distinta", completou a porta-voz da Procuradoria belga. De acordo com a imprensa local, o falecido era um viciado em drogas e foi vítima de marteladas.

Após o triplo homicídio, Benjamin Herman, nascido em janeiro de 1987, fez uma funcionária de um grupo escolar refém, levando à evacuação dos estudantes, segundo as autoridades. Nenhuma criança foi ferida.

"Fiquei impressionado com a conversa que ela teve com o terrorista", disse Jambon na quarta-feira sobre a funcionária sequestrada. "Ela foi muito corajosa e talvez tenha evitado mais vítimas na escola", disse ele à rádio Bel-RTL.

Em um vídeo amador que a AFP obteve é possível ouvir claramente o agressor gritar "Allah Akbar" enquanto caminhava pela rua.

Por volta das 10h30 (5h30 de Brasília) de terça-feira em uma das principais ruas do centro de Li;ge, o atacante esfaqueou as duas policiais pelas costas, antes de pegar suas armas e executá-las.

Ele então matou uma terceira pessoa, atirando em um estudante de 22 anos em um carro estacionado nas proximidades.

Na prisão, ele cumpria uma série de sentenças curtas combinadas e seria libertado em 2020, segundo indicou nesta quarta-feira o ministro da Justiça da Bélgica, Koen Geens. Os serviços penitenciários consideraram que "ele não representava perigo terrorista", acrescentou.

A Bélgica, atingida por ataques jihadistas que deixaram 32 mortos em 22 de março de 2016, já foi palco de vários atentados contra soldados ou policiais.

Consultado na terça-feira, o Ocam, o órgão responsável por avaliar a ameaça terrorista na Bélgica, decidiu manter inalterado no nível 2 correspondente a uma ameaça considerada "improvável".