Paris, França -Os quatro líderes líbios reunidos nesta terça-feira em Paris com o presidente francês Emmanuel Macron se comprometeram a organizar eleições presidenciais e legislativas livres em 10 de dezembro, segundo um comunicado lido ao final da reunião.
"Nos comprometemos (...) a trabalhar de forma construtiva com a ONU para organizar eleições críveis e pacíficas e a respeitar seus resultados", afirma a "declaração política" assinada pelo primeiro-ministro do governo de unidade nacional Fayez al-Sarraj, o marechal Khalifa Haftar, homem forte do leste da Líbia, o presidente da Câmara de Representantes Aguila Salah e o do Conselho de Estado, Khaled al-Mechri.
A declaração foi lida em árabe e aprovada oralmente pelos quatro líderes líbios, a pedido do presidente francês Emmanuel Macron, mas não resultou em uma assinatura na frente das câmeras como originalmente planejado.
"Então, todo mundo trabalha juntos, bravo", declarou o presidente francês, sorridente.
Em seguida, Macron evocou em uma conferência de imprensa um "encontro histórico, acompanhado por toda a comunidade internacional", bem como um "passo fundamental para a reconciliação" neste país mergulhado no caos sete anos após a queda de Muammar Khaddafi.
Esta reunião também foi descrita como "histórica" %u200B%u200Bpelo enviado especial da ONU, Ghassan Salamé. "Nós não substituímos os líbios, são eles que estão se entendendo uns com os outros. Isso é fundamental", acrescentou, afirmando estar "otimista" sobre o processo lançado.
Por sua vez, o primeiro-ministro Fayez al-Sarraj lançou um apelo "para que os combates cessem em todas as partes da Líbia, porque muito sangue já foi derramado". "Nós chamamos todos ao diálogo", acrescentou ele, dirigindo-se a Macron e Salamé.
As autoridades líbias prometeram adotar uma "base constitucional para as eleições" e "estabelecer as leis eleitorais" até 16 de setembro de 2018.
As forças de segurança da Líbia "estarão encarregadas de garantir o processo eleitoral, com o apoio apropriado" da ONU, das organizações regionais e da comunidade internacional, indicaram, sem maiores detalhes.
Os responsáveis %u200B%u200Bpor qualquer "obstrução" ao processo eleitoral terão "que prestar contas", aponta o comunicado, sem especificar quais sanções poderiam incorrer.
Algumas milícias e movimentos jihadistas ativos na Líbia poderiam se opor à realização de tal votação, inclusive por meio da violência. Doze pessoas foram mortas em um ataque reivindicado pelo grupo Estado Islâmico (EI) contra a sede da Comissão Eleitoral em 2 de maio em Trípoli.
Com o objetivo de "melhorar o clima para as eleições nacionais", a Câmara de Representantes de Tobruk vai se instalar em Benghazi e o governo paralelo estabelecido no leste do país terá que ser desmantelado.
As duas casas deverão "trabalhar imediatamente para unificar o Banco Central da Líbia e outras instituições", concordaram, enquanto o país enfrenta uma grave crise monetária.
As forças militares e de segurança, agora desintegradas em múltiplas milícias, além do autoproclamado Exército Nacional da Líbia (ENL) do marechal Haftar, também terão que se unificar sob os auspícios das Nações Unidas.