Moscou, Rússia -O presidente russo, Vladimir Putin, multiplicou nesta sexta-feira (11) os contatos diplomáticos para salvar o acordo nuclear iraniano após a retirada dos Estados Unidos.
Nas últimas horas, Putin falou por telefone sobre o tema iraniano com a chanceler alemã, Angela Merke,l e o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.
O presidente russo e a chanceler alemã "ressaltaram a importância de preservar o acordo para a segurança internacional e regional", anunciou o Kremlin em comunicado.
A conversa telefônica acontece uma semana antes de uma visita que Merkel fará à Rússia. No dia 18 de maio, ela deverá se reunir com Putin em Sochi, um balneário no Mar Negro, ao sul do país.
Nesta segunda-feira, em Sochi, o presidente russo receberá o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Yukiya Amano.
"Em todos os níveis, ressaltamos a necessidade de manter este acordo (nuclear iraniano) que é crucial para a estabilidade no mundo inteiro", afirmou nesta sexta-feira o conselheiro do Kremlin, Yuri Ushakov, ao denunciar uma decisão "precipitada e errônea" dos Estados Unidos por retirar-se do pacto internacional.
Na noite de quinta-feira, Putin e seu homólogo turco "confirmaram sua determinação" para continuar cooperando para manter o acordo com os outros países partes, informou Kremlin.
Segundo fontes da presidência turca, ambos os chefes de Estado concordaram em classificar a decisão americana como "errônea" e "destacaram que este acordo era um sucesso diplomático que tem que ser preservado".
A Rússia se impôs nesses últimos anos como um ator de relevância no Oriente Médio, um papel reforçado por sua intervenção militar na Síria lançada em 2015 em apoio ao regime de Bashar al Assad.
Além disso, mantém boas relações com países com interesses divergentes e às vezes até rivais, do Irã à Turquia sem descartar Israel.
Mais uma vez, a Rússia se encontra no centro da situação, depois que o presidente Donald Trump decidiu abandonar o acordo assinado em 2015.
- Moscou antes de Bruxelas -
A preservação do acordo é agora um objetivo comum em Moscou e entre os países europeus, uma estranha coincidência consideradas as tensões desses últimos anos, alimentadas pelos assuntos sírio e ucranianos, e mais recentemente reforçados pelo envenenamento do ex-espião Serguéi Skripal na Inglaterra.
Na segunda-feira, Moscou será a segunda etapa de uma viagem do chefe da diplomacia iraniana Mohamad Javad Zarif, que desde domingo visitará China, Rússia e Bruxelas para falar de como salvar o acordo nuclear.
Na terça, se reunirá com seus contrapartes de França, Alemanha e Reino Unido, e com Federica Mogherini, chefe da diplomacia da União Europeia.
Em uma reunião na quinta-feira em Teerã, o vice-ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Riabkov, e seu homólogo iraniano, Abas Araghchi, já reafirmaram seu "compromisso para salvaguardar o acordo", segundo Moscou.
O acordo foi alcançado em julho de 2015 após anos de negociações entre Irã e o grupo 5%2b1 (Alemanha, China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia). Nos termos do acordo, Teerã aceitou congelar seu programa nuclear até 2025.
Antagonistas durante anos, Rússia e Irã melhoraram suas relações com o fim da Guerra Fria. Moscou concordou em retomar em meados da década de 1990 o contrato para a construção da usina nuclear iraniana em Bouchehr (sul do Irã), então abandonada pela Alemanha.
Na quarta-feira, Vladimir Putin disse que estava "profundamente preocupado" pela retirada americana do acordo, anunciado na terça-feira por Trump apesar dos pedidos de muitos de seus aliados.