Andrés Manuel López Obrador, candidato às eleições presidenciais no México, disse nesta terça-feira (8/5) que está aberto a debater a legalização das drogas, e assegurou que busca entender as causas da violência em vez de centrar sua estratégia de segurança no uso da força.
"O caso da legalização das drogas é um tema que se deve debater", disse López Obrador, durante um fórum onde participaram quatro dos cinco candidatos presidenciais na Cidade do México. "Por que não tratar disso? Por que não - se isso é o que convém - aprová-lo e o governo realizá-lo ouvindo todas as vozes?" - questionou.
A proposta de López Obrador acontece em um momento em que o México enfrenta um sério recrudescimento da violência criminosa, vinculada principalmente ao narcotráfico, com um número recorde de mais de 25.000 assassinatos em 2017, o mais alto desde que há registro oficial, há 20 anos.
O número oficial de vítimas supera as 200.000 desde que no final de 2006 o governo lançou uma polêmica ofensiva militar para combater o crime organizado, embora os dados não especifiquem quantas das vítimas estão relacionadas ao combate aos cartéis.
"Há quem sustente que por isso temos muita violência, pela proibição. Que o alcoolismo e o tabagismo afetam mais a saúde do que o consumo de certas drogas, e que ao se proibir esse tipo de droga se gera mais violência. Isso está sendo analisado, há reflexão de muita gente sobre esse tema", acrescentou.
Segundo López Obrador, seus adversários "têm um pensamento conservador" e uma "concepção muito reacionária", pautada no uso da força e de medidas coercitivas.
"Temos uma maneira de pensar distinta, acreditamos que a paz e a tranquilidade são fruto da justiça", ressaltou. López Obrador considerou que a maneira "mais humana e eficaz" de abater a violência é através do combate à pobreza e fortalecendo valores morais e espirituais.
Assegurou que se chegar ao governo, convocará um encontro com autoridades religiosas e civis que inclua o Papa, o secretário-geral da ONU, os organismos de direitos humanos e as vítimas do crime para "elaborar um planejamento conjunto para construir a paz no país".