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Defesas de cardeal acusado por agressões sexuais pedem processos distintos

Um tribunal de Melbourne ordenou que o cardeal de 76 anos, um dos conselheiros mais próximos do papa Francisco, seja julgado


Melbourne, Austrália - Os advogados do cardeal australiano George Pell solicitaram nesta quarta-feira que o número três na hierarquia do Vaticano, acusado de agressões sexuais, seja julgado em dois processos distintos, em consequência das diferenças entre os supostos delitos atribuídos ao religioso.

Um tribunal de Melbourne ordenou na terça-feira que o cardeal de 76 anos, um dos conselheiros mais próximos do papa Francisco, seja julgado por "várias" acusações de agressão sexual, apesar de ter rejeitado mais da metade das acusações, incluindo algumas das mais graves.

Pell se declarou inocente das acusações, que não tiveram os detalhes divulgados pelo tribunal, que revelou apenas a existência de "múltiplos demandantes".

Algumas acusações estão vinculadas a fatos supostamente cometidos nos anos 1970, em uma piscina da cidade australiana de Ballarat, onde Pell era padre.

Outras acusações estão relacionadas com supostos fatos ocorridos nos anos 1990 na catedral de St. Patrick de Melbourne.

[SAIBAMAIS]Uma dos advogados do cardeal, Robert Richter, afirmou nesta quarta-feira durante uma audiência em Melbourne que seu cliente deveria ser julgado em dois processos distintos, já que os fatos atribuídos aconteceram em locais e épocas distintos.

Uma nova audiência está programada para 16 de maio. O tribunal pode comunicar na ocasião uma decisão sobre a data do julgamento ou julgamentos.

O cardeal, que chegou ao tribunal em meio a um grande número de policiais, saiu em liberdade sob fiança. O religioso está proibido de deixar a Austrália e entregou o passaporte às autoridades.

O anúncio do indiciamento de Pell coincide com o final de uma longa investigação nacional sobre a resposta institucional na Austrália a abusos sexuais cometidos contra crianças, iniciada pelo governo em 2012, após uma década de protestos por parte das vítimas.

Pell, que depôs três vezes durante as investigações, admitiu que "falhou" em sua gestão envolvendo padres pedófilos no estado de Victoria nos anos 1970.

Pell foi ordenado padre em 1966 em Roma e depois progrediu por todos os níveis da hierarquia católica na Austrália.

Em 1996 foi nomeado arcebispo de Melbourne e em 2001 de Sydney. Em 2014 foi designado pelo papa Francisco prefeito da secretaria de Assuntos Econômicos do Vaticano, com a missão de dar mais transparência às finanças do Vaticano.

Pell é o integrante mais importante da Igreja Católica acusado de agressão sexual.

Os representantes da Igreja católica australiana apoiam Pell, que qualificam de um homem "decente".