Bolloré foi detido para depoimento na terça-feira (24/4). Segundo as suspeitas, o grupo publicitário Havas teria sido usado para lavar dinheiro, facilitando o esquema ilegal. Além de Bolloré, dois executivos, Gilles Alix, diretor-geral da Bolloré Africa Logistics, e Philippe Dorent, diretor do polo internacional de Havas Paris, também foram detidos e denunciados. Francis Pérez, dirigente da companhia Pefaco, da Espanha, foi liberado.
Os três primeiros respondem a inquérito por corrupção e tráfico de influência em concessões portuárias em Togo e Guiné. A investigação começou em 2010 e ganhou corpo em 2011 e 2013, quando o empresário Jacques Dupuidauby denunciou Bolloré ao juiz Serge Tournaire, desde então responsável pela apuração. O esquema incluiria a prestação de contas subfaturada nas campanhas eleitorais de dois candidatos a presidente, Faure Gnassingbé, do Togo, e Alpha Condé, em Guiné, em troca das concessões dos portos de Lomé e de Conakry.
Concessionários dos portos das duas cidades, Nicotrans e Dupuydauby, tiveram seus contratos cancelados em benefício das empresas de Bolloré. Prejudicado, Dupuydauby - já condenado em outro caso por desvio de ativos - denunciou o caso ao MP. Graças a uma convenção da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), países signatários podem processar pessoas físicas e jurídicas por corrupção em caso de contratos internacionais.
Segundo o advogado de Bolloré, Olivier Baratelli, os contratos foram obtidos graças à expertise das empresas do grupo. Em comunicado, o grupo Bolloré negou irregularidades. "As prestações foram realizadas com toda a transparência", diz a empresa, que se colocou à disposição da Justiça.