"Estamos testemunhando um dos maiores fracassos políticos do início do século XXI", declarou na abertura da conferência o alto comissário da ONU para os Refugiados, Filippo Grandi.
"É a maior crise do mundo", ressaltou.
"As Nações Unidas esgotaram seus recursos", advertiu Mark Lowcok, responsável pelos assuntos humanitários e pelo resgate de emergência da ONU.
Os organizadores da conferência esperam mobilizar 9 bilhões de dólares. Para a ajuda humanitária na Síria são necessários 3,5 bilhões de dólares e outros 5,6 bilhões de dólares para apoiar os refugiados nos países vizinhos, indicou Lowcock.
"As promessas de doações serão um indicador do compromisso internacional", destacaram os líderes europeus em Bruxelas. Esta é a sétima conferência anual sobre o futuro da Síria e mobiliza países doadores, ONGs humanitárias e agências da ONU.
A expectativa era para a participação de 85 delegações, mas os representantes da Rússia e do Irã, que apoiam o regime sírio, estarão ausentes em Bruxelas, assim como a oposição.
O encontro acontece em um momento em que uma equipe de especialistas internacionais investiga o suposto ataque químico de 7 de abril contra o reduto rebelde de Duma, nas proximidades de Damasco.
"Parece-me que a solução para o conflito está ficando mais distante", admitiu recentemente a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini.
Solução política
"Precisamos de negociações sérias em Genebra e devemos ter Damasco sentado à mesa", insistiu Mogherini, alertando que, "sem uma solução política, estaremos nos dirigindo para uma catástrofe".
"Estamos assistindo a uma deterioração considerável desde o início da guerra. Na Síria, tivemos 700.000 deslocados em quatro meses", precisou um funcionário da UE envolvido na organização da conferência de Bruxelas.
Dentro da Síria existem cerca de 6,1 milhões de pessoas deslocadas, e mais de 5 milhões de sírios fugiram do país. Além disso, 13 milhões de pessoas precisam de ajuda, destaca a UE.
Esta terça-feira, o primeiro da conferência, será dedicada aos intercâmbios com as organizações humanitárias que trabalham na Síria, no Líbano, na Jordânia e na Turquia.
A diretora-geral da ONG Save the Children International, a ex-primeira-ministra dinamarquesa Helle Thorning-Schmidt, quer instar os doadores a se concentrarem na educação.
Um terço dos jovens sírios não frequenta a escola e um terço das escolas sírias está inutilizável %u200B%u200Bdevido à guerra, indicou à AFP.
"Nós abandonamos as crianças sírias. É o sétimo ano [de guerra] e ainda as abandonamos", lamentou Thorning-Schmidt em uma entrevista.
O dia de quarta-feira será mais político, na presença de ministros. A UE será representada por 12 ministros das Relações Exteriores, seis ministros responsáveis %u200B%u200Bpelo desenvolvimento e cinco secretários de Estado.