Ao menos 48 civis morreram e 112 ficaram feridos, neste domingo (22/4), em um atentado suicida do Estado Islâmico em Cabul contra um centro de cadastramento eleitoral para as legislativas de outubro, segundo um balanço dos ministérios do Interior e da Saúde.
O ataque foi reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico por meio de seu braço de propaganda Amaq. Há ao menos 21 mulheres e cinco crianças entre os mortos, segundo o porta-voz do Ministério da Saúde, Wahid Majrooh.
Um homem-bomba explodiu em frente ao centro de cadastramento, onde os eleitores recolhem as cédulas de identidade antes de se inscrever.
"Agora sabemos que o governo é incapaz de nos proteger", gritou um homem, Akbar, insultando o presidente, Ashraf Ghani, antes do canal Tolo News (privado) interromper a transmissão.
"Morte ao governo", "morte aos talibãs", gritava a multidão ao seu redor, mostrando cédulas ensanguentadas e espalhadas pelo chão.
Os talibãs indicaram, por meio de seu porta-voz, Zabibulá Mujahid, que seus "mujahidin não têm nada a ver com o ataque", responsabilizando implicitamente o grupo Estado Islâmico (EI).
O atentado ocorreu durante a manhã em um bairro de maioria xiita no oeste da capital, Sasht e Barshi. Os militantes do Estado Islâmico atacam regularmente a minoria xiita desde 2016.
"As pessoas estavam vindo recolher suas cédulas de identidade quando ocorreu a explosão na entrada. Era um kamikaze", declarou o chefe de polícia de Cabul, Dawood Amin.
O porta-voz do Ministério do Interior, Najib Danish, disse que "o kamikaze chegou a pé e acionou sua carga no meio da multidão".
No chão havia poças de sangue e um grande número de corpos. Os carros estavam carbonizados e um edifício de dois andares foi parcialmente destruído.
Este é o primeiro ataque em Cabul contra um centro de cadastramento para as legislativas de 20 de outubro, processo que começou em 14 de abril. Mas outros dois centros foram atacados no interior do país na última semana.
Na sexta-feira, um foguete atingiu um centro de cadastramento na província de Badghis (norte), deixando um morto e um ferido entre os policiais que custodiavam o local, segundo o vice-governador, Faiz Mohamad Moizada, contatado pela AFP, que culpou os talibãs.
Na terça, três funcionários da comissão eleitoral e dois policiais foram sequestrados durante 48 horas na província de Ghor (centro). Os talibãs também foram acusados deste ataque.
A violência e os atentados são os principais obstáculos ao bom desenvolvimento das eleições, admitiu a comissão eleitoral, que abriu centros de cadastramento nas escolas e mesquitas principalmente, custodiadas pela polícia.
"A insegurança é nosso principal desafio e nossa maior preocupação", disse à AFP o presidente da comissão, Abdul Baie Sayad. Estas legislativas serão as primeiras desde 2010 e a primeira eleição desde a presidencial de 2014.
Muitos afegãos querem uma mudança na câmara de deputados, de 249 assentos. Seu mandato terminou há três anos. Mas temem que as eleições não sirvam para nada por fraudes e que os exponham a uma violência ainda maior.
O último atentado na capital afegã havia sido em 21 de março. Ao menos 30 pessoas morreram e 70 ficaram feridas. O grupo Estado Islâmico reivindicou essa operação, cometida por um kamikaze.