A África do Sul prestou homenagem nesta terça-feira (3/4) ao espírito combativo de Winnie Mandela e vários eventos foram preparados para recordar a vida desta militante tenaz contra o regime do Apartheid e ex-esposa do herói Nelson Mandela.
Winnie Mandela morreu em um hospital de Joanesburgo na segunda-feira aos 81 anos, após "uma longa doença", anunciou seu porta-voz.
Winnie Madikizela Mandela, que "foi um dos maiores ícones da luta contra o Apartheid", "sacrificou sua vida pela liberdade da África do Sul", indicou.
Simpatizantes começaram a se aproximar de sua casa humilde de tijolos vermelhos, no município de Soweto, assim que se conheceu a notícia de seu falecimento, na segunda-feira, e continuavam passando em frente ao local nesta terça.
O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, máxima autoridade do partido no poder Congresso Nacional Africano (ANC, sigla em inglês) recordou esta figura que qualificou de "voz do desafio e da resistência".
O país prestará homenagem a ela durante o funeral oficial que será realizado em 14 de abril, anunciou o presidente, que decretou um luto nacional até essa data.
Espera-se que compareça à casa de Winnie Mandela o opositor Julius Malema, fundador dos Combatentes para a Liberdade Econômica (EFF, esquerda radical), que nos últimos anos se tornou seu confidente.
O EFF prestará homenagem "ao espírito combativo" de Winnie Mandela.
"Winnie expressou ao mesmo tempo o amor e a raiva do povo negro, sempre voluntária para defender suas vidas, inclusive com armas, perante o regime diabólico do Apartheid", escreveu o EFF em um comunicado.
A liga de mulheres da ANC, que Winnie Mandela dirigiu, tinha previsto marchar até sua residencia às 13H00 GMT (10H00 em Brasília) desta terça-feira.
"Brutalidade do Apartheid"
O casal que Winnie formou com Nelson Mandela durante mais de 30 anos encarnava o combate obstinado ao regime racista.
Em 1990, a imagem de Nelson Mandela saindo da prisão de mãos dadas com Winnie deu a volta ao mundo.
Um ano depois, ela foi condenada por sequestro e assalto no caso Stompie Moeketsi, um jovem de 14 anos que morreu assassinado.
Em 1992, se separou de seu marido, e em 1996 se divorciaram, após um processo legal que revelou sua relação com um jovem guarda-costas.
Transformada em uma figura controversa, em seus últimos anos Winnie foi considerada de novo a "mãe da Nação" e símbolo da luta contra o Apartheid.
O presidente Ramaphosa disse que Winnie Mandela "nunca duvidou de que a luta pela liberdade e a democracia iam triunfar".
Frequentemente criticada pelo ANC, Winnie Mandela havia dado seu apoio ao líder atual do partido com o qual Nelson Mandela se tornou, em 1994, o primeiro presidente negro do país.
"Na cultura africana, nós cantamos quando estamos feridos", declarou à AFP uma responsável da liga de mulheres do ANC, Winnie Ngwenya, de 64 anos, uma das simpatizantes que se aproximou da casa de Winnie Mandela na segunda-feira à noite.
Em uma de suas últimas aparições públicas, em uma conferência do ANC em dezembro em Joanesburgo, Winnie foi recebida com aplausos.