Um bombardeio da aviação afegã contra uma escola corânica, acusada de acolher uma reunião dos talibãs perto de Kunduz, nordeste do Afeganistão, deixou várias vítimas, incluindo civis, informaram fontes do serviços de segurança.
No momento do ataque, acontecia na escola uma cerimônia de entrega de diplomas na presença de líderes talibãs e muitos estudantes.
De acordo com o médico Naim Mangal, responsável pelo hospital regional, "vários mortos e ao menos 15 civis feridos, incluindo crianças", foram levados ao seu centro médico, localizado a 50 km do distrito de Dashte Archi, onde aconteceu o ataque.
Fontes da segurança e testemunhas informaram a presença de muitos civis, reunidos para a cerimônia de conclusão dos estudos.
"Estávamos dentro da mesquita Akundzada, onde acontecia a cerimônia de ;entrega de turbantes;. Além dos alunos e civis, havia alguns talibãs, talvez oito ou nove, mas eram convidados", informou uma testemunha, Mohamad Isqhaq, à televisão afegã Tolo News.
"Quando escutaram os aviões, as crianças começaram a gritar que seriam bombardeadas, mas os mais velhos pediram calma. Pouco depois, as bombas atingiram a mesquita", acrescentou o homem que viu "muitos mortos e feridos".
Um fotógrafo da AFP viu muitas crianças e adolescentes entre os feridos.
Segundo um porta-voz da Defesa, Mohammad Radmanish, ao menos 20 talibãs, entre eles comandantes da Unidade Vermelha, uma unidade de elite, morreram no ataque.
"Membros da Shura (conselho dos talibãs) de Quetta (no Paquistão) estavam presentes", disse o porta-voz, para quem esta escola servia "praticamente como um centro de treinamento" para os insurgentes.
"De acordo com nossas informações, os talibãs estavam preparando ataques contra alvos do governo no distrito de Dashte Archi", disse ele.
Uma fonte da segurança disse à AFP que era uma nova tática do Talibã, que "se esconde em madrasas (escolas religiosas) para escapar dos ataques aéreos".
O Talibã afirmou em um comunicado que "pelo menos 150 religiosos e estudantes morreram ou ficaram feridos" neste ataque.
"O inimigo bombardeou uma cerimônia de entrega de diploma realizada em uma escola religiosa, e muitos estudantes e religiosos estavam presentes", afirmou, conclamando as "organizações de direitos humanos e a mídia a investigarem".
A região de Kunduz (nordeste) é de difícil acesso. A maioria dos serviços de comunicação é interrompida após as 16h00 e até a manhã seguinte.
Segundo a população, o Talibã interrompe o serviço para impedir que os habitantes forneçam informações às forças do governo.
O distrito de Dashte Arshi, localizado no nordeste da província de Kunduz, tem uma forte presença talibã.
De acordo com várias fontes da segurança, o ataque foi às 13h00 por bombardeiros do exército afegão, aviões A-29 de fabricação brasileira que o exército afegão, em reconstrução, começou a receber no final de 2016.
A missão da ONU (Manua), que contabiliza as vítimas civis do conflito, registrou mais de 630 civis afegãos mortos e feridos em bombardeios aéreos em 2017.