"Estou feliz em poder anunciar uma melhora no estado de Yulia Skripal", declarou Christine Blanshard, diretora do hospital de Salisbury. "Ela tem respondido satisfatoriamente ao tratamento, mas continua a receber cuidados clínicos especializados 24 horas por dia".
Yulia Skripal "não está mais em estado crítico, sua condição agora é estável", indicou. No entanto, seu pai ainda está em estado crítico, mas estável, segundo o estabelecimento médico.
A terceira vítima, Nick Bailey, recebeu alta nesta quinta-feira. O policial foi o primeiro a socorrer Serguei Skripal e sua filha, encontrados inconscientes em um banco público. De acordo com os investigadores, o pai, de 66 anos, e sua filha, 33 anos, tiveram o primeiro contato com o agente neurotóxico na casa de Serguei Skripal, a quem Yulia, que mora na Rússia, visitava.
"Especialistas determinaram que a maior concentração do agente neurotóxico estava na porta de entrada do domicílio", informou na quarta-feira a polícia em um comunicado. Traços do veneno foram encontrados em outros locais, em menores concentrações.
A investigação sobre o envenenamento, que envolve quase 250 especialistas, pode levar meses. Cerca de 500 testemunhas foram identificadas pelos investigadores e a polícia está analisando mais de 5.000 horas de imagens de câmeras de segurança.
"Aqueles que moram no bairro dos Skripal podem esperar que policiais façam buscas, mas quero reafirmar que os riscos são muito baixos", indicou na quarta-feira Dean Haydon, um dos responsáveis pelo serviço de contraterrorismo da polícia de Londres.
A polícia anunciou nesta quinta que estabeleceu um perímetro num parquinho infantil, perto da casa de Skripal, "por medida de precaução". Londres acusa a Rússia de ser responsável por este envenenamento, o que Moscou nega. O caso desencadeou uma crise diplomática sem precedentes desde a Guerra Fria.
Seguindo a liderança do Reino Unido, que expulsou 23 diplomatas russos, mais de 25 países anunciaram medidas semelhantes desde o início da semana. Nesta quinta, a Rússia anunciou a expulsão de 60 diplomatas americanos e o fechamento do consulado dos Estados Unidos em São Petersburgo, medidas idênticas aquelas adotadas por Washington contra Moscou.
As medidas adotadas por Moscou "incluem a expulsão do mesmo número de diplomatas e a retirada da acreditação do consulado geral dos Estados Unidos em São Petersburgo", no noroeste da Rússia, informou o chanceler russo Serguei Lavrov em coletiva de imprensa.
"Enquanto os outros países tomarem medidas simétricas (...) isso é tudo pelo momento", indicou Lavrov. Ele acrescentou que a Rússia está reagindo a "medidas absolutamente inaceitáveis, tomadas sob grande pressão dos Estados Unidos e Grã-Bretanha sob o pretexto do denominado caso Skripal".
Ex-coronel do serviço de inteligência do Exército russo (GRU), Serguei Skripal foi acusado em Moscou de "alta traição" por ter vendido informações ao serviço secreto britânico e condenado em 2006 a 13 anos de prisão. Em 2010 beneficiou de uma troca de espiões.
Um juiz britânico autorizou a coleta de amostras de sangue no ex-espião e de sua filha para entregar aos especialistas da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq).
Representantes da Opaq chegaram no Reino Unido em 20 de março para se encontrar com especialistas do laboratório militar de Porton Down, perto de Salisbury, e da polícia britânica. Eles também devem examinar as amostras colhidas pelos especialistas britânicos.