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Londres busca apoio de aliados europeus para condenar Moscou

O Reino Unido quer apoio unânime da União Europeia sobre o envolvimento da Rússia no envenenamento do ex-espião Sergei Skripal

Bruxelas, Bélgica - O Reino Unido buscará nesta quinta-feira (22/3) o apoio unânime da União Europeia para condenar Moscou por suposto envolvimento no envenenamento de um ex-espião russo em solo britânico.

No entanto, enfrentará a resistência de alguns Estados que querem evitar maiores tensões com a Rússia.

A primeira-ministra britânica Theresa May informará a seus sócios europeus durante a cúpula em Bruxelas sobre os últimos avanços na investigação do ataque com um agente neurotóxico sofrido em 4 de março por Serguei Skripal e sua filha Yulia na cidade inglesa de Salisbury.

Enquanto a Alemanha e a França compartilham da conclusão britânica de que a Rússia é a única responsável pelo ataque, outros países, como Itália, Grécia e Áustria não querem deixar ainda mais tensas as relações com Moscou e pedem provas da acusação.

A Rússia, por sua vez, colocou em dúvida na quarta-feira as acusações do Reino Unido, insinuando que o caso foi uma "encenação" das autoridades britânicas.

[SAIBAMAIS]Todos os embaixadores em Moscou foram convidados ao ministério das Relações Exteriores para ouvir a posição russa em relação ao ataque contra Skripal e sua filha.

O caso levou a uma expulsão de diplomatas sem precedentes entre a Rússia e Reino Unido desde a Guerra Fria e causou o aumento da tensão entre Oriente e Ocidente.

Nesse encontro, do qual não participaram os embaixadores britânico, francês ou americano, serviu sobretudo para repreender as acusações britânicas e deu um passo a uma nova guerra verbal entre ambos os países.

O chefe do departamento de controle de armas da chancelaria russa, Vladimir Yermakov, denunciou as "incoerências" da versão apresentada por Londres, lamentando que não havia "nenhuma certeza" sobre a "principal pergunta" que, segundo ele, preocupa Moscou: "O que aconteceu com os dois cidadãos russos?"

Embora tenha insistido em "não acusar ninguém", o diplomata fez múltiplas insinuações.

Interrogado por uma diplomata britânica sobre seus eventuais programas de armas químicas, Yermakov afirmou: "Saiam um pouco de sua russofobia, de sua mentalidade insular. Tenho vergonha de vocês".

Em relação à origem do agente neurotóxico utilizado, identificado por Londres como um produto do programa soviético de armas químicas "Novichok", o diplomata sugeriu que poderia se originar nos Estados Unidos.

Em Londres, o chefe da diplomacia britânica, Boris Johnson, reagiu rapidamente: "A razão pela qual escolheram o Reino Unido (para atacar) é muito simples: porque é um país com determinados valores, que acredita na liberdade, na democracia e no Estado de direito, e sempre denunciou a Rússia por violar esses valores".

Diante de um comitê parlamentar para tratar da crise diplomática entre ambos os países, Johnson comparou a Copa do Mundo da Rússia, este ano, aos Jogos Olímpicos de Berlim de 1936.

Ao ser perguntado se a Copa era para Vladimir Putin o que os Jogos Olímpicos de 1936 foram para Adolf Hitler, o ministro respondeu que "a comparação com 1936 é correta".