Washington, Estados Unidos - O presidente Donald Trump baixou nesta quinta-feira (8/3) o tom em relação a seu plano de impor tarifas ao aço e alumínio para os países que forem verdadeiros amigos dos Estados Unidos. Ele prometeu que os Estados Unidos serão "muito justos e muito flexíveis", horas antes da promulgação dos impostos.
Mais cedo, no Twitter, o republicano defendeu a necessidade de "proteger e construir nossa indústria do aço e do alumínio mostrando ao mesmo tempo grande flexibilidade e cooperação com aqueles que são verdadeiros amigos e nos tratam de maneira equitativa a nível de comércio e de defesa".
Esses "verdadeiros amigos" não foram identificados pela Casa Branca até o momento. Há uma semana, Trump surpreendeu ao anunciar sua intenção de taxar as importações de aço em 25% e as de alumínio em 10%, em uma declaração que provocou uma onda global de preocupação.
No entanto, a porta-voz da presidência, Sarah Sanders, indicou na quarta-feira que o plano poderia incluir exceções ao México e ao Canadá, dois parceiros que renegociam os termos do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA) com os Estados Unidos.
Segundo Sanders, essa exceção também poderia ser aplicada "potencialmente a outros países", após uma análise baseada em critérios de segurança nacional. No entanto, o jornal Washington Post assegurou que a isenção tarifária para o México e o Canadá seria de apenas 30 dias, prorrogáveis se a renegociação do NAFTA mostrar sinais de progresso.
Mexicanos, canadenses e americanos terminaram a sétima rodada de negociações esta semana sem que as partes tenham relatado avanços substantivos. Nesta quinta, Trump realizará uma reunião na Casa Branca dedicada exclusivamente a discutir a proposta de adoção de tarifas e poderá usar essa cerimônia para formalizar medida polêmica.
Os secretários de Comércio e do Tesouro, Wilbur Ross e Steven Mnuchin, esforçaram-se no dia anterior para aliviar a tensão, observando que as tarifas eram negociáveis %u200B%u200Be não prejudicariam o crescimento. Ross afirmou que a decisão de aplicar as tarifas foi "cuidadosamente analisada" e que os Estados Unidos não estavam buscando uma guerra comercial.
Por sua parte, Mnuchin disse à Fox Business que a medida não prejudicaria as projeções do governo de um crescimento de 3% e também assegurou que "não estamos procurando uma guerra comercial".
UE mostra as cartas
O aviso de Trump sobre o tratamento preferencial a "amigos verdadeiros" foi feito um dia depois que a União Europeia apresentou um plano cuidadoso de represália contra a iniciativa da Casa Branca.
A comissária europeia para o Comércio, Cecilia Malmstr;m, afirmou que esperava que uma escalada das tensões comerciais que "prejudiquem as relações transatlânticas" pudesse ser evitada, mas apresentou uma série de opções para responder a Washington.
Enquanto isso, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, apontou que "as guerras comerciais são ruins e fáceis de perder", em uma referência direta ao presidente Donald Trump, que na sexta-feira disse que essas disputas são "boas e fáceis de ganhar".
Além disso, a UE advertiu que se Trump finalmente taxar fortemente as importações de produtos siderúrgicos, não poderá fazer exceções com certos países do bloco, como o Reino Unido.
O vice-presidente da Comissão Europeia, Jyrki Katainen, indicou em Bruxelas que "provavelmente estão considerando algumas isenções para os países do NAFTA (...), mas também mencionaram o Reino Unido e talvez outros países".
Katainen também reiterou que a Comissão Europeia está em contato com as autoridades dos Estados Unidos "para tentar convencê-loa a não causar danos significativos à economia americana e à economia mundial".
Mesmo nos Estados Unidos, uma centena de deputados republicanos dirigiram uma carta a Trump pedindo-lhe para não impor tarifas uniformes e expressaram sua "profunda preocupação" com as consequências que a medida poderia implicar para as empresas locais.
A estratégia da Comissão Europeia envolve três tipos de respostas: impor tarifas pesadas às exportações de produtos emblemáticos dos Estados Unidos, adotar medidas de salvaguarda e uma queixa perante a Organização Mundial do Comércio (OMC).