Agência France-Presse
postado em 02/03/2018 18:33
Caracas, Venezuela - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, rebaixou e expulsou da Força Armada 24 oficiais, a maioria detidos ou exilados, segundo dois decretos publicados no diário oficial.
Maduro ordenou as medidas contra 11 militares ativos e 13 reformados, acusando-os de tentar derrubar o governo "por formas violentas", com "uso indevido e desproporcional de armas de guerra", e outros crimes como incitação à rebelião.
A lista inclui o capitão reformado Juan Carlos Caguaripano, detido em 11 de agosto, seis dias depois de comandar uma invasão a uma base militar do norte do país, na qual morreram dois de seus companheiros. Segundo o governo, o oficial roubou armamento dessa guarnição.
Caguaripano se declarou em "rebeldia" pela atuação dos corpos de segurança frente os protestos opositores que deixaram 125 mortos entre abril e julho de 2017. Já o havia feito durante manifestações que tiveram um balanço de 43 mortos em 2014.
Entre os sancionados também figuram antigos aliados de Maduro e de seu antecessor, o falecido Hugo Chávez, como Raúl Baduel e Herbert García Plaza, segundo o decreto de 28 de fevereiro. Baduel, ex-ministro da Defesa de Chávez e homem fundamental em sua restituição após o golpe de Estado que o tirou do poder durante 48 horas em 2002, está preso por um suposto complô contra Maduro.
García Plaza, por sua vez, ex-ministro do atual presidente, está no exterior após romper com ele. Os militares ativos tinham patentes de tenente e oito deles fugiram da prisão castrense de Ramo Verde em novembro.
Maduro considerou todos os sancionados "indignos de pertencer à Força Armada Nacional Bolivariana (FANB)" e dispõe que os reformados percam suas condecorações. Para Rocío San Miguel, especialista em temas militares, o governante pressiona a FANB em meio à profunda crise política e socioeconômica justo quando tenta se reeleger até 2025 nas eleições de 20 de maio.
Esses decretos "se tornam eficazes como forma de exercer melhor a coerção da Força Armada Nacional, ao invés de demonstrar, por parte do chefe de Estado e comandante em chefe, diante dos adversários, que tem poder sobre a FANB", escreveu San Miguel em um artigo.
A Força Armada é considerada por analistas o principal apoio de Maduro, a quem o alto comando jura frequentemente "lealdade incondicional".