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Turistas e peregrinos voltam ao Santo Sepulcro após reabertura

A igreja estava fechada desde segunda-feira (26/2) como forma de protesto contra as novas medidas fiscais e um projeto de lei de Israel

Agência France-Presse
postado em 28/02/2018 13:38
Segundo a tradição, Jesus Cristo foi crucificado e sepultado nesta igreja
Jerusalém, Israel - Peregrinos e turistas voltaram a visitar nesta quarta-feira (28/2) o Santo Sepulcro, que abriu de novo depois de ficar fechado três dias em protesto contra as novas medidas fiscais e um projeto de lei de Israel.

Ainda estava escuro quando as grandes portas de madeira deste lugar sagrado do cristianismo foram abertas às 04h00 local, acabando com quase três dias de tensões com as autoridades israelenses.

A igreja, construída em Jerusalém onde Jesus Cristo foi crucificado e sepultado segundo a tradição, jamais havia permanecido fechada por tanto tempo em protesto nos últimos vinte e cinco anos.

Apesar da hora, alguns minutos foram suficientes para um grupo de dezenas de católicos franceses aparecer pelos becos escuros da Cidade Velha.

Era o último dia de sua estadia na cidade e última chance de visitar o lugar sagrado. "Desde domingo, rezamos diante das portas fechadas do santuário", disse à AFP François-Roch Ferlet, de 29 anos, um dos membros da associação KTsens.

Depois dele, e à medida que o dia avançava, vários grupos chegaram ao edifício sepulcral, abraçando a Pedra da Unção na entrada, venerada pelos ortodoxos, e formando longas filas diante o túmulo de Cristo.

O Santo Sepulcro, importante destino espiritual e turístico, recebe milhares de visitantes todos os dias. Mas nesta quarta-feira o fluxo parecia muito maior.

Os líderes das Igrejas ortodoxa grega, armênia e católica, que compartilham a custódia do local, ordenaram seu fechamento no domingo em protesto contra o projeto da prefeitura de Jerusalém de cobrar das igrejas cristãs impostos sobre suas propriedades que não forem locais de culto e que gerem renda.

Mas, diante do estardalhaço provocado pelo fechamento do templo e da determinação das Igrejas, o governo israelense anunciou na terça-feira a suspensão do projeto.

Nada está acabado

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o prefeito de Jerusalém, Nir Barkat, concordaram em formar um grupo de trabalho para negociar com as Igrejas sobre a questão dos impostos.

Além disso, ordenou a suspensão de todo o trabalho legislativo sobre a venda de bens das Igrejas em Jerusalém e instruiu um de seus ministros a estudar o assunto.

As Igrejas receberam positivamente as notícias, mas foram prudentes.

"Não gostamos de usar a palavra ;vitória;, porque nada está acabado. O primeiro-ministro disse que ainda queria negociar", declarou à AFP Farid Jubran, conselheiro jurídico da custódia, guardiã do lugar sagrado em nome da Igreja Católica.

As Igrejas se opõem a qualquer iniciativa unilateral que possa modificar o status quo que rege as relações entre as comunidades religiosas de Jerusalém e mostrou preocupação com ações que, segundo elas, buscam minar a presença cristã em Jerusalém.

Em uma cidade como Jerusalém, a suspeita de uma tendência hegemônica em favor da presença israelense e judaica e em detrimento das minorias nunca acaba se dissipando, em um contexto de persistente conflito entre israelenses e palestinos.

Os israelenses proclamam que toda Jerusalém é sua capital indivisível, incluindo a parte Oriental, que eles anexaram, enquanto os palestinos querem que Jerusalém Oriental seja a capital do Estado a que aspiram.

O Santo Sepulcro está localizado na Cidade Velha, em Jerusalém Oriental, cuja anexação é considerada ilegal pela comunidade internacional.

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