Agência France-Presse
postado em 22/02/2018 16:20
Guadalajara, México - O mexicano Juan Pedro Franco passa cada vez menos horas prostrado em sua cama. Com a ajuda de um andador especial para suportar seu peso, o homem que já foi o mais gordo do mundo vai aumentando seu número de passos, mas ainda sonha em poder caminhar sozinho, sem sofrer o risco de asfixia.
Juan Pedro, de 33 anos, natural do estado de Aguascalientes (norte), pesava 595 quilos em outubro de 2016. Essa condição, resultado de uma dieta inadequada e um mau funcionamento da tireoide, fez com que o Guinness World Records lhe desse o título de homem vivo com maior peso do mundo.
Com hipotireoidismo, hipertensão arterial, diabetes e uma obstrução pulmonar grave, Franco dedicou recuperar sua vida e aceitar a intervenção do cirurgião bariatra José Antonio Castañeda, especialista em tratamentos de obesidade.
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Em novembro de 2016, se trasladou de Aguascalientes a Guadalajara, onde está a Gastric Bypass México, a clínica de Castañeda. O primeiro passo foi se submeter a uma dieta mediterrânea "muito rigorosa".
Em maio de 2017, entrou pela primeira vez no centro cirúrgico para realizar gastrectomia vertical, e seis meses depois passou por uma conversão a bypass gástrico. O objetivo de ambas as cirurgias é reduzir o tamanho do estômago.
Reduzir sua capacidade de comer era a única forma para fazê-lo emagrecer, já que queimar calorias não era suficiente. Na segunda operação, pesava 366 quilos, e espera-se que em um ano e meio a balança marque em torno de 100 quilos, diz a clínica.
Já fez enormes avanços: a balança industrial na que tem que ser pesado "indica que deixou cerca de 250 quilos para trás desde que iniciou o tratamento", comemorou Castañeda. Juan Pedro, de pele muito branca devido à falta de exposição ao sol, vive em Guadalajara junto com sua mãe desde novembro de 2016 para estar perto da equipe de especialistas.
"Estou muito feliz porque tudo está indo muito bem", comentou à AFP sentado em sua cama, na qual se construiu uma estrutura metálica que lhe ajuda a se levantar e fazer alguns exercícios. "A cada dia está fazendo mais exercícios. Tenta seguir em frente, tem uma atitude muito positiva", diz o médico, ao seu lado.
"Seguir em frente"
Mas o sonho deste jovem, que gosta de cantar e tocar violão e que vive conectado a um tanque de oxigênio, é "voltar a caminhar e seguir em frente".
A clínica adverte que tudo "dependerá de sua evolução e o tratamento de seus linfedemas nas pernas (acumulação anormal de líquido por obstrução no sistema linfático)". Na última cirurgia, seu estômago foi dividido na metade e de forma horizontal para que ficasse muito mais reduzido e com menor capacidade gástrica.
Ao mesmo tempo, se submeteu a uma divisão intestinal para que o processo de absorção seja seletivo, ou seja, que só uma parte de seu intestino absorva nutrientes. Em meados do mês passado, "voltou a subir em uma balança, que marcou 345 quilos, 22 a menos quase dois meses" após sua última intervenção.
Para a equipe médica interdisciplinar que o atende, "continua sendo um paciente complexo e seguirá em risco até que deixe de ser uma pessoa com obesidade mórbida". "Estamos tentando salvar uma vida e seguiremos vigilantes até que esteja fora de perigo", diz a clínica.
Segundo estudos da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e da Organização Mundial da Saúde (OMS), 58% dos habitantes da América Latina e o Caribe estão acima do peso ideal. México, junto com Bahamas e Chile, são os que apresentam os maiores problemas nesse sentido.
Em maio do ano passado morreu Manuel Uribe, aos 48 anos, outro mexicano que com 597 kg chegou a ser o homem mais gordo do mundo em 2007, segundo o Guinness World Records.