"A Síria condena as mentiras e acusações (...) sobre o uso de armas químicas", indicou uma fonte no ministério das Relações Exteriores de Damasco, citada pela agência oficial de notícias Sana.
O Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) acusou as forças pró-regime de um novo ataque químico em Guta Oriental, a leste de Damasco, onde foram registrados 21 casos de asfixia. Habitantes e fontes médicas apontam para um ataque com cloro.
Por iniciativa da França, 24 países, incluindo os Estados Unidos, lançaram na terça-feira, em Paris, uma nova associação com o objetivo de compartilhar informações e estabelecer uma lista das pessoas envolvidas no uso de armas químicas no conflito na Síria.
Por sua vez, a Rússia acusou os Estados Unidos de manipularem as investigações sobre o uso de armas químicas na Síria.
Na terça-feira, o secretário de Estado americano, Rex Tillerson, considerou que "a Rússia tem, em última instância, a responsabilidade pelas vítimas de Guta Oriental".
"Discordamos totalmente da abordagem americana, que, de fato, manipulou a investigação sobre os casos anteriores" de ataques químicos, rebateu o porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov, em declarações à imprensa nesta quarta.
;Fase crítica;
No plano diplomático, de acordo com o emissário da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, a nova rodada de negociações de paz para o conflito, que começará na quinta-feira em Viena sob os auspícios das Nações Unidas, vai acontecer em uma fase "muito, muito crítica" da guerra.
"Por definição, sou otimista, porque é a única forma de se comportar em momentos como esses. Mas estamos em uma fase muito crítica", considerou De Mistura ao chegar à capital austríaca.
Esta nona rodada de negociações, em busca de uma solução para o conflito que atinge a Síria desde 2011, terá lugar entre quinta e sexta-feira.
Desde o início do conflito, o regime de Bashar al-Assad sempre negou as muitas acusações de recorrer a armas químicas.
Após um ataque químico também na região de Guta Oriental em 2013, pelo qual foi acusado, Assad concordou em declarar e entregar seu arsenal químico no âmbito de um acordo supervisionado pela Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq).
"A Síria sempre forneceu sinais de cooperação e criou as condições para permitir uma investigação honesta e objetiva sobre o uso de armas químicas", insistiu a fonte síria, denunciando as "pressões ocidentais".
Em abril de 2017, um ataque com gás sarin na cidade de Khan Sheikhun (nordeste) deixou mais de 80 mortos e os investigadores da ONU culparam o regime.
Este ataque levou os Estados Unidos a lançar um ataque aéreo sem precedentes contra uma base do regime sírio.
O regime também foi acusado de ter utilizado gás de cloro em três localidades do norte da Síria em 2014 e 2015.