Em Kasserin, no centro desfavorecido do país, jovens de 20 anos tentaram bloquear estradas queimando pneus e atirando pedras contra a polícia, segundo o correspondente da AFP. Dezenas de manifestantes ocuparam ainda as ruas em Teburba, 30 km a oeste da capital, onde na terça-feira foi enterrado o homem que morreu nos confrontos de segunda-feira. A polícia reagiu lançando bombas de gás lacrimogêneo.
De acordo com a imprensa local, também ocorreram confrontos em bairros nos subúrbios da capital. Os distúrbios atuais acontecem em um contexto de reivindicações sociais contra as medidas de austeridade previstas pelo governo, principalmente a alta de um imposto, o IVA.
Sete anos após uma revolução que exigia trabalho e dignidade e derrubou o ditador Zine el Abidine Ben Ali, na semana passada explodiram manifestações em Túnis. A Tunísia, único país que sobreviveu à Primavera Árabe, até o momento conseguiu avançar em sua transição democrática, apesar da estagnação econômica e social.
A inflação ultrapassou 6% no final de 2017, enquanto a dívida pública e o déficit comercial atingiram níveis preocupantes. Os ativistas da campanha "Fech Nestannew" ("O que estamos esperando"), lançada no início do ano contra o aumento dos preços, convocaram uma manifestação em massa na sexta-feira.
O mês de janeiro é tradicionalmente marcado por protestos na Tunísia desde a revolução de 2011. O contexto é especialmente tenso este ano, em vista da celebração em maio das primeiras eleições municipais desde a Primavera Árabe.