Um supermercado da rede Carrefour do sul da capital foi saqueado, informou o porta-voz do Ministério, Khlifa Chibani, acrescentando que 49 policiais haviam ficado feridos em confrontos em todo país.
Ainda segundo ele, 206 pessoas foram detidas.
"Há saques e roubos, mas também uma mensagem política de uma parte da população que não tem nada a perder e que se sente ignorada pelo governo", sete anos após a Primavera Árabe exigindo emprego e dignidade, aponta o cientista político Selim Jarrat.
Ele destaca que muitos edifícios públicos, símbolos do Estado, foram atacados, e que o governo "ainda não se posicionou com firmeza contra os manifestantes".
Na terça à tarde e à noite, a Polícia e o Exército foram mobilizados em várias cidades, entre elas Tebourba, 30 km ao oeste da capital. Nessa localidade, centenas de jovens tomaram as ruas após o enterro de um homem de 45 anos morto nos distúrbios da noite anterior.
Persiste a polêmica sobre as causas da morte desse homem que está sendo considerado um "mártir" pelos manifestantes. Os resultados da necropsia feita ontem não foram divulgados.
O Ministério do Interior negou que ele tenha morrido nas mãos da Polícia e destacou que ele não apresentava qualquer sinal de violência. O porta-voz Khlifa Chibani disse apenas que o indivíduo tinha "problemas respiratórios".
Também houve incidentes em Gafsa (sul), Kasserine (centro), ou Sidi Bouzid. Foi nesta última, em dezembro de 2010, que se deflagrou o protesto social que marcaria o início das "Primaveras Árabes".
Esses incidentes acontecem em um contexto de reivindicações sociais no país contra as medidas de austeridade previstas pelo governo.
Após vários anos de marasmo econômico e contratações em massa de funcionários, a Tunísia enfrenta dificuldades financeiras significativas.
A inflação ultrapassou 6% no final de 2017, enquanto a dívida pública e o déficit comercial atingiram níveis preocupantes.
Os ativistas da campanha "Fech Nestannew" ("O que estamos esperando"), lançada no início do ano contra o aumento dos preços, convocaram uma manifestação em massa na sexta-feira.
O mês de janeiro é tradicionalmente marcado por protestos na Tunísia desde a revolução de 2011. O contexto é especialmente tenso este ano, em vista da celebração em maio das primeiras eleições municipais desde a Primavera Árabe.