"Alguns países são muito mais abertos aos interesses chineses, às vezes em detrimento do interesse europeu. Não podemos censurá-los, já que às vezes forçamos eles a fazer privatizações muito duras", opinou Macron nesta quarta-feira, em uma coletiva de imprensa.
Por isso, ele quer que os países da União Europeia se unam frente a Pequim e privilegiem o interesse europeu acima do nacional, a curto prazo.
Não padecer
"Deveremos definir uma posição comum em nível europeu" diante das rotas da seda, já que "não podemos ignorar essa iniciativa, pois isso nos obrigaria a padecer a ela", o que seria "um profundo erro estratégico", disse Macron, que admitiu que a iniciativa divide a UE.
"A China não pode respeitar um continente em que parte dos Estados abre totalmente suas portas e onde é fácil leiloar infraestruturas essenciais. Por isso, quando a França ou a Europa defendem seus setores estratégicos, isso é bom para nós e para o diálogo", garantiu.
A terça-feira foi marcada pela cúpula entre Macron e o presidente chinês Xi Jinping no Palácio do Povo. Eles assinaram diversos acordos comerciais bilionários. Os dois países assinaram um acordo para que o grupo francês Areva construa na China uma fábrica de tratamento de resíduos radioativos no valor de 12 bilhões de dólares.
Também foi acertado que Pequim vai levantar o embargo imposto à carne bovina francesa em 2001, pela crise da "vaca louca". Os dois países ainda concordaram sobre a abertura de uma sucursal do Centro Pompidou de arte contemporânea em Xangai.
- Direitos humanos espinhosos -
Sobre o espinhoso tema dos direitos humanos na China, Macron disse que não quer dar "lições" porque seria "totalmente ineficaz". "Posso aproveitar para dar lições à China, falando com a imprensa francesa. Isso já aconteceu muitas vezes. Não dá qualquer resultado", disse aos jornalistas.
A ONG Human Rights Watch (HRW) havia pedido a Macron que reivindicasse "publicamente" do presidente Xi que o país fizesse melhoras nesse âmbito. A organização citava o caso de Liu Xia, a viúva do falecido prêmio Nobel da Paz Liu Xiaobo. Ela se encontra em prisão domiciliar sem ter sido condenada oficialmente.