Cenas similares ocorreram no centro desfavorecido do país, em Kasserin e Jelma, localidade próxima a Sidi Buzid, onde em dezembro de 2010 começou o protesto social que marcou o início da Primavera Árabe.
Uma necropsia era feita nesta terça-feira para determinar a causa da morte de um homem de 43 anos em Tebourba, em circunstâncias pouco claras depois dos confrontos de segunda-feira à noite, segundo os ministérios de Saúde e Interior.
O Ministério do Interior negou que ele tenha morrido pelas mãos da Polícia e destacou que o homem não tinha nenhum sinal de violência. Seu porta-voz, Khalifa Shibani, detalhou que o indivíduo sofria de "problemas respiratórios".
Na segunda-feira à noite, "não vimos protestos, mas gente que quebra, rouba e agride os tunisianos", afirmou o primeiro-ministro Yussef Shahed na rádio privada Mosaico FM.
Vários edifícios públicos foram danificados durante os distúrbios. Ao menos 44 pessoas foram detidas, 16 delas em Kasserin, e 18 nos bairros populares perto da capital, tunes, segundo um porta-voz do Ministério do Interior.
Reivindicações sociais
"Onze agentes (...) ficaram feridos pelo lançamento de pedras, projéteis e coquetéis molotov, e quatro viaturas policiais foram danificadas", disse à AFP um porta-voz das forças de segurança, Walid Ben Hkima, que fez alusão a "atos de violência e roubos".
Em Kasserin, dezenas de jovens incendiaram pneus e jogaram pedras contra agentes de segurança, que responderam com bombas de gás lacrimogêneo, indicou um correspondente da AFP. Em Sidi Buzid, estradas foram bloqueadas com pedras e pneus.
Esses incidentes ocorrem em um contexto de reivindicações sociais na Tunísia contra as medidas de austeridade previstas pelo governo, em especial a alta do IVA que entrou em vigor em 1; de janeiro no âmbito de um orçamento baixo.
Uma manifestação convocada por várias organizações da sociedade civil reuniu sem incidentes cerca de 100 pessoas nesta terça-feira à tarde na capital.
"Nossas reivindicações são estas: suspender a lei de finanças de 2018, voltar aos preços iniciais dos produtos e contratar uma pessoa de cada família pobre", declarou Hamza Nasri, membro da campanha "Fech Nestannew" ("O que estamos esperando") lançada no início do ano para protestar contra a alta dos preços.
O ministro das Finanças, Ridha Shalghum, assegurou que o governo manterá o aumento dos impostos.
"O chefe de governo se comprometeu a não aumentar os produtos de primeira necessidade", assegurou à AFP.
"Entre as conquistas da democracia está a possibilidade de se manifestar, mas também a obrigação de trabalhar por uma economia tunisiana saudável em que este crescimento, que começou a se mostrar em 2017, se consolide e seja criador de empregos", acrescentou.