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Antes de casamento em Windsor, pessoas sem-teto protestam por discriminação

A vontade das autoridades locais de despejá-los dos arredores suscita indignação



;Escandalizados;


Para Dudley, os sem-teto têm menos direito de entrada para o grande dia, especialmente porque é o resultado de uma "escolha" viver na rua. Tentando se abrigar do vento na cidade onde chegou há dois anos devido a uma doença mental, Stephanie protesta. "Não escolhi estar aqui, as pessoas me dão o que querem dar", explica à AFP.

As declarações do dirigente conservador, que provocaram rechaço do governo, são especialmente chocantes aos olhos de Murphy James, responsável de uma associação local de ajuda aos sem-teto, porque o príncipe William, seu irmão Harry e sua futura esposa estão comprometidos há tempos com a defesa desse grupo.

"Tenho certeza que estão escandalizados com esses comentários, como eu e muitos moradores de Windsor", assegura à AFP na igreja onde o Windsor Homeless Project oferece comida, roupa, banho e ajuda aos desfavorecidos.

Segundo ele, ao invés de criminalizar os sem-teto, devem atacar a raiz do problema. Com ou sem um casamento real.

Também lamenta a ausência de abrigos de urgência na cidade e a insalubridade dos alojamentos propostos pela Prefeitura, muitas vezes "infestados de ratos".

;Preguiçosos;


Muitos transeuntes apenas olham para os mendigos. Peggy Outhwaite se incomoda por acreditar que não pode aguardar tranquilamente o ônibus. "Não acho que devam estar aqui", assegura esta aposentada à AFP, considerando-os "preguiçosos". "É um cidade real. Deve ser o dia de Harry e, sobretudo, um lindo dia".

Derek Prime, gerente de uma loja de souvenirs que já conta com produtos com o rosto dos noivos, pergunta-se qual é a realidade das medidas de realojamento reivindicadas pelas autoridades. "Deveria passar uma noite na rua para ver como é", critica a ideia de Dudley.

O chefe da Polícia local, Anthony Stansfeld, prepara sua resposta, mas já escreveu em um comunicado que "essas questões não foram apresentadas" no plenário municipal de outubro.

Em dezembro, a Polícia de Windsor respondeu o representante que já se queixava no Twitter de uma "epidemia" de pessoas sem lar na cidade. "Devemos proteger as pessoas mais vulneráveis de nossa sociedade trabalhando juntos", disse a Polícia na rede social, assinalando que "as casas são responsabilidade do conselho".