Agência France-Presse
postado em 04/01/2018 00:01
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O presidente americano, Donald Trump, rompeu publicamente nesta quarta-feira (3/1), e de forma chamativa, com seu polêmico ex-chefe de Estratégia na Casa Branca, Steve Bannon, a quem acusou de ter perdido a razão.
Momentos depois da divulgação de trechos de um explosivo livro no qual Bannon critica pessoas próximas e familiares do presidente, Trump emitiu uma nota para afirmar que o ex-funcionário "não tem nada a ver comigo nem com a minha Presidência".
"Quando foi despedido (da Casa Branca), não só perdeu seu trabalho, mas também perdeu a razão", afirmou o presidente.
Trump acusou seu ex-chefe de Estratégia de vazar informações falsas quando estava na Casa Branca para aparentar ser mais importante do que realmente era, de não ter feito contribuições importantes à vitória eleitoral e até do fracasso em uma eleição local no Alabama.
Em sua nota oficial, Trump disse que Bannon "raramente teve reuniões individuais comigo e somente aparenta ter influência junto a pessoas que não têm nem acesso, nem informação".
Além disso, apontou que "finge estar em guerra com meios de imprensa, aos quais chama de ;partido da oposição;, mas passou seu tempo na Casa Branca vazando informação falsa à imprensa para parecer ser mais importante do que é".
"É o único que faz bem", acrescentou.
A irritada reação da Casa Branca com o antigo confidente de Trump é uma resposta às declarações de Bannon no livro "Fire and Fury: Inside the Trump White House", de Michael Wolff.
A porta-voz da Presidência, Sarah Sanders, disse que o livro "só pode ser descrito como ficção de tabloide lixo, por pessoas tristes que buscam desesperadamente ter alguma relevância".
Críticas ao entorno de Trump
Em seu depoimento para o livro, Bannon investe sem piedade contra pessoas próximas ao presidente, como seu filho Donald Trump Jr, seu genro Jared Kushner e seu ex-chefe de campanha Paul Manafort.
Bannon afirma, por exemplo, que uma reunião mantida por Trump Jr, Kushner e Manafort com uma advogada russa em junho de 2016, em plena campanha eleitoral, foi uma "traição".
"Ainda que alguém pensasse que isso não é traição, que tampouco é antipatriótico, ou que simplesmente é uma merda - e eu acho que foram as três coisas -, alguém deveria avisar o FBI imediatamente", disse Bannon segundo trechos adiantados do livro.
Também afirmou que os três eram responsáveis por colocar em risco a Presidência de Trump por atrair a curiosidade dos agentes do FBI, não por seus contatos com funcionários russos, mas por seus negócios obscuros.
"O caminho para ferrar Trump passa por Paul Manafort, Donald Jr e Jared Kushner. É tão claro quanto um cabelo no rosto. Passa pelo Deutsche Bank e toda a merda de Kushner. Toda essa merda de Kushner é suja", declarou.
Uma equipe do FBI, conduzida pelo procurador especial Robert Mueller, investiga o eventual conluio entre o comitê de campanha de Trump e funcionários russos durante a eleição presidencial de 2016, e já apresentou acusações contra Manafort por falso testemunho e lavagem de dinheiro.
Bannon ganhou notoriedade como editor de um site de ultradireita e é considerado próximo aos supremacistas brancos americanos.
Tornou-se assessor de Trump em 2016 e depois das eleições ocupou um cargo-chave no governo, o de chefe de Estratégia, até sua renúncia em agosto de 2017.
Desde que deixou a Casa Branca, Bannon se dedica a apoiar os candidatos mais à direita do Partido Republicano e nunca escondeu certo distanciamento pessoal do presidente Trump.