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Polícia iraniana afrouxa aplicação dos códigos islâmicos

Desde a Revolução Islâmica de 1979, o uso do véu é obrigatório para as mulheres no Irã, incluindo as estrangeiras e independentemente de sua confissão religiosa

Os agentes iranianos serão mais flexíveis com com quem descumprir as leis islâmicas, privilegiando a educação, em detrimento da punição - anunciou o chefe da Polícia de Teerã nesta quarta-feira (27/12).

"De acordo com a decisão do comandante das forças policiais, aqueles que não respeitarem os códigos islâmicos não serão levados para centros de detenção, nem terão antecedentes penais", afirmou o general de brigada Hossein Rahimi, em discurso na capital iraniana.

"Propomos aulas e, até agora, 7.913 pessoas assistiram a elas", disse ele, acrescentando que há mais de 100 "centros de assessoramento" na província de Teerã.

No cargo desde agosto, Rahimi não especificou a quais códigos se refere, nem quando as novas normas serão aplicadas.

O anúncio marca um giro em relação a seu antecessor, o general Hossein Sajedinia. Em sua gestão, este último chegou a anunciar, em abril de 2016, que cerca de sete mil agentes à paisana patrulhariam as ruas de Teerã para lutar contra a "imoralidade" e contra o mau uso do véu por parte das mulheres.

Desde a Revolução Islâmica de 1979, o uso do véu é obrigatório para as mulheres no Irã, incluindo as estrangeiras e independentemente de sua confissão religiosa. A imensa maioria da população do país é xiita.

Nos últimos anos, notou-se uma mudança na vestimenta das mulheres. Não é raro vê-las ao volante de um carro na capital e nas grandes cidades, com o véu caído sobre os ombros, caminhando pelas ruas com o cabelo aparecendo, ou com jaquetas e casacos acinturados e curtos.

O presidente Hassan Rohani, um clérigo moderado, é partidário de uma abertura política e social, incluindo mais tolerância em relação à vestuário.