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Palestinos afirmam não vão aceitar plano de paz dos Estados Unidos

Com o anúncio do presidente Donald Trump sobre Jerusalém, "os Estados Unidos se desqualificaram. Eles não são mais um mediador honesto no processo de paz", insistiu o presidente palestino, Mahmoud Abbas

Com o anúncio do presidente Donald Trump sobre Jerusalém, "os Estados Unidos se desqualificaram. Eles não são mais um mediador honesto no processo de paz", insistiu.

Os Estados Unidos preparam um plano de paz para a região, que será apresentado no segundo trimestre de 2018.

Dos 193 países-membros da ONU, 128 votaram na quinta-feira a favor de uma resolução que condena o reconhecimento dos Estados Unidos de Jerusalém como a capital de Israel, incluindo muitos aliados dos Estados Unidos, como a França e o Reino Unido.

Trinta e cinco Estados, entre eles Canadá, México, Polônia e Hungria, se abstiveram e 21 não participaram da votação. Nove países - incluindo os Estados Unidos e Israel - votaram contra. Washington ameaçou financeiramente os países que votaram contra.

Abbas condenou estas ameaças: "não se podem impor posições utilizando dinheiro", disse.


- Dois mortos em Gaza -

Nesta sexta-feira, dois palestinos alvejados no peito por disparos israelenses morreram, ambos na Faixa de Gaza. Os dois homens são o nono e o décimo palestinos mortos na violência desencadeada pela decisão americana, em 6 de dezembro.

As mortes ocorreram durante distúrbios separados ocorridos no norte e no leste do território, ao longo do muro de segurança israelense, informou o ministério de Saúde da Faixa de Gaza.

O Hamas, que governa o enclave palestino, convocou um novo "dia de ira" depois da oração, o terceiro desde 6 de dezembro.

"A vontade do povo palestino é mais forte que a vontade dos Estados Unidos e Trump vai lamentar esta decisão", declarou um líder do Hamas, Musher al-Masri, à margem de uma manifestação nesta sexta.

Para o presidente francês, Emmanuel Macron, que se reuniu com Abbas, os Estados Unidos "se marginalizaram" ao anunciar sua decisão em 6 de dezembro.

Mas o presidente francês - no cargo há sete meses - se absteve de anunciar o papel de seu país no conflito que envenena as relações internacionais há décadas.

O presidente da Autoridade Palestina pediu sua colaboração: "presidente, confiamos no senhor (...) Esperamos muito, muito do senhor", disse, durante coletiva de imprensa conjunta.

Macron descartou paralelamente um reconhecimento unilateral de parte da França de um Estado palestino.

"Não penso" que seja uma decisão "eficaz", disse Macron, lembrando que o anúncio unilateral americano de reconhecer Jerusalém como capital de Israel provocou "altercações na região".

"Cometeria um erro parecido", destacou.

O presidente francês, que tem viagem prevista para o Oriente Médio em 2018, lembrou que a posição de seu país se baseia em que "não há alternativa para a solução de dois Estados e não há solução sem acordo entre as partes sobre Jerusalém".